O filme Trem-Bala é entretimento puro. Tão puro que fica até difícil falar sobre ele.
Tive bloqueio semelhante há muitos anos, quando Quentin Tarantino lançou Pulp Fiction – Tempos de Violência.
Até então, não era tão comum termos filmes com narrativas não lineares, que desconstroem a cronologia com flashbacks, por exemplo, meio que manipulando a audiência.
O fato de também não existir internet nessa época preservava a surpresa para a maioria dos espectadores.
Só quem acompanhava as colunas de cinema em jornais e revistas é que já poderia ter ouvido falar de Tarantino. Ainda assim, não rolava spoiler e eu vi gente sendo demitida por entregar demais ao leitor. Palavra!
Não por acaso, muita gente lembra do diretor de Pulp Fiction ao começar a falar sobre Trem-Bala. Bem como de Guy Ritchie, Robert Rodriguez e até mesmo David Cronemberg.
O filme foi roteirizado por Zak Olkewicz a partir do livro Maria Beetle, escrito por Kôtarô Isaka em 2010.
O roteiro preservou o grande número de personagens/assassinos, só que no livro eles são todos japoneses, por exemplo.
Esses matadores de aluguel estão a bordo do famoso trem-bala japonês, que liga Tóquio a Kioto, cada um com sua missão.
Claro, as missões envolvem a morte de alguém e os caminhos de cada um deles acabam se cruzando.
Normalmente, debaixo de alguma violência, diálogos bem Tarantino e ação plástica marcada por cores vibrantes e coreografias intrincadas.
O diretor é David Leitch (Atômica, Deadpool 2 e Hobbs & Shaw), que ganhou a vida como dublê durante um tempo, tendo feito muitas cenas de perigo no lugar do astro Brad Pitt.
Aqui, uma pausa.
Brad Pitt nunca me pareceu um grande ator. E olha que eu gosto muito do trabalho dele em Os Doze Macacos. Assim, pensando friamente. Talvez ainda não seja. Mas é um dos poucos atores que enchem a telona com seu carisma e good looking, tornando praticamente impossível desenvolver empatia por ele.
Pode até ser que Leitch, sabedor disso, procurou explorar esse appeal do ator até a última grama. Além de estar em praticamente todas as cenas, Pitt contracena com um elenco de prestígio, até, mas que não experimentou o gostinho da popularidade.
Ou seja, Andrew Koji (Warrior), Hiroyuki Sanada (Mortal Kombat), Michael Shannon (Elvis e Nixon), Joey King (A Princesa), Aaron Taylor-Johnson (Kick-Ass), Logan Lerman (Corações de Ferro) e Brian Tyree Henry (Eternos) são rostinhos conhecidos.
Mas em momento algum ameaçam a hegemonia de Pitt.
Trem-Bala é repleto de ação, de humor nervoso e estética apurada. Quase uma história em quadrinhos (no caso, um mangá).
No entanto, fala também sobre família, destino e sorte. No caso de Joaninha (codinome do personagem de Pitt no filme), disfarçada de azar.
Mesmo assim, timidamente. Não é para comprar ingresso pensando em conteúdo muito profundo.
Procure tela e áudio bons. Sente com pipoca e uma água e curta o filme. Nada mais que isso.
Ah, tem pontinha de luxo de Sandra Bullock e Channing Tatum.
O filme estreia em 4 de agosto com distribuição da Sony Pictures.
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Trem-Bala
Trem-Bala reúne assassinos talentosos com missões distintas. Diretor David Leitch abusa do carisma de Brad Pitt para ganhar o espectador.
PROS
- Brad Pitt esbanja carisma ao lado de um grande elenco
- Diálogos que lembram Tarantino e ação plástica marcada por cores vibrantes e coreografias intrincadas
- Repleto de ação, de humor nervoso e estética apurada
Análise da Crítica
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Roteiro
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Atuação
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Elenco
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Direção e Equipe
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Som e Trilha Sonora
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Figurino
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Cenários