Crítica | Filme | Godzilla Minus One

Crítica | Filme | Godzilla Minus One

Tenho um amigo que tem uma explicação sobre porque determinadas adaptações para o cinema e para televisão funcionam: quem está por trás do roteiro ou da produção conhece muito bem o material original.

Dois exemplos: a nova série Perdidos no Espaço, produzida pelos roteiristas de Deuses do Egito e O Último Caçador de Bruxas, Matt Sazama e Burk Sharpless, fãs da série original dos anos 60, criada a produzida por Irwin Allen.

E A Maldição da Residência Hill, adaptação do filme A Casa dos Maus Espíritos, que William Castle dirigiu em 1959. A criação da minissérie é do diretor Mike Flanagan, responsável por Doutor Sono e O Espelho.

Foi exatamente o que aconteceu com Godzilla Minus One, Takashi Yamazaki. O diretor japonês trabalhou em vários desenhos animados até mergulhar na versão live-action de Patrulha Estelar (2010). Fã incondicional do filme original de 1954, Takashi perguntou para os executivos da Toho Films, responsável pela franquia original, se o novo filme teria que seguir a linha de Shin Godzilla, de 2016, apresentando o monstro gigante de uma nova forma.

“Não, você pode criar o que quiser”, disseram os executivos. Ele criou algo fantástico e emocionante.

Referências

Godzilla Minus One não toma como referência o filme original, dirigido por Ishiro Honda em 1954. O filme se passa no final dos anos 40, com um Japão devastado pela guerra. O novo monstro que surge do Pacífico ainda está em formação. Ele faz o primeiro ataque a uma base militar em uma pequena ilha. É lá onde o piloto Koichi Shikishima (Ryunosuke Kamki) conhece a força e a fúria do gigante Godzilla.

O detalhe é que Koichi é um piloto da esquadrilha kamikaze. Ele não deveria ter voltado com vida, já que esses pilotos eram treinados para morrer em missão. Um trauma e uma vergonha que ele vai levar até quase o final do filme.

Koichi volta para Tóquio, que foi quase devastada pelos ataques dos americanos. Para sobreviver e cuidar da família que ele incorporou depois da guerra, ele trabalha em um barco recolhendo minas marítimas. Ao mesmo tempo, os americanos fazem o primeiro teste nuclear no Atol de Bikini.

É a força da radiação da explosão atômica que faz a transformação no monstro que Koichi e alguns de seus amigos conheceram no final da guerra. Godzilla não apenas fica com mais de cem metros de altura, como tem a capacidade de disparar um raio de força, destruindo tudo ao seu redor.

Eu poderia ficar aqui dando mais detalhes sobre personagens e o desenvolvimento da história. O importante está no último ato do filme. É ali que vamos ver a grande homenagem ao filme de Honda.

Um grupo formado de militares, civis e cientistas, tem um plano para acabar com o monstro gigante. Vão forçar a aparição do monstro para usar os artefatos que eles imaginam serem suficientes para destruir a criatura.

E aí começa…

Ao som da magistral trilha de Akira Ifukube, começa a batalha final pela sobrevivência. É uma luta clássica, Davi e Golias no século 20. Com uma fotografia que lembra os antigos álbuns de fotos de nossos avós, o mar do Japão é tomado por duas embarcações de guerra e o monstro gigante que todos conhecem como Godzilla.

É um momento arrepiante, especialmente para quem teve o prazer de ver o filme original. E claro, com efeitos visuais do século 21 aliados à fotografia e atuações mais do que convincentes. Especialmente de Ryunosuke Kamki que, de um personagem arrependido por ter abandonado a frente de batalha, ruma à redenção enfrentando cara a cara o gigante Godzilla.

Também é importante informar que o Godzilla desse filme é como o Godzilla original: ele é o vilão. Um vilão que não pensa duas vezes para destruir e devastar. Pelo conjunto da obra, Godzilla Minus One é programa obrigatório para os fãs de cinema. Estreia em 14/12 distribuído pela Sato Co.

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