A grande chancela de O Exorcista do Papa é, sem dúvida, o fato de o roteiro tomar como base casos reais de exorcismo. Por si só já é um tremendo atrativo. Os casos foram detalhados nos arquivos elaborados pelo Padre Gabriele Amorth. Que foram compilados nos livros Um Exorcista Conta-nos e Novos Relatos de um Exorcista. Amorth era conhecido como o Exorcista Chefe do Vaticano e respondia diretamente ao Papa em meados dos anos 1980 e seguiu na função até 2016, quando faleceu aos 91 anos de idade.
No filme, Russell Crowe interpreta o italiano Amorth, arriscando-se no idioma e também no gênero terror pela primeira vez. Ainda que longe da boa forma de Gladiador e outros tantos trabalhos marcantes, Crowe é outro alicerce de O Exorcista do Papa. Em meio a um elenco desconhecido, consegue fazer valer seu talento e por vezes parece estar se divertindo muito de batina.
Fatos reais e Russell Crowe, contudo, não parecem ser pontos fortes o suficiente para fazerem de O Exorcista do Papa um grande exemplar do tema. A julgar pela reação da plateia em pré-estreia a que tive acesso, causa mais risadas do que deveria, por exemplo. Créditos para Russell Crowe, como disse, que consegue marcar presença e ainda divertir com as tiradas do seu personagem. Sim, temos um ou outro jump scare aqui e ali, mas nada marcante. Jogo de sombras e de câmera para contribuir na criação do suspense. Silêncio cortante alternado com ruídos no último volume. Está tudo lá.
O Papa Franco Nero
Para não dizer que Crowe atua em meio a desconhecidos, temos a atuação rápida e magnética de Franco Nero. Que melhorou com o tempo deixou Django e Duro de Matar II para trás. E olha que ele é o Papa! Pois é o Papa que escala o Padre Amorth para conduzir um exorcismo na Espanha. Uma família americana herdou uma abadia ancestral no país, sem desconfiar que tipo de perigo se esconde lá. Com o auxílio do Padre Esquibel (Daniel Zovatto), tentará livrar um menino de um poderoso demônio possessor. Enquanto tentam salvar o garoto, investigam as ruínas locais para descobrirem o nome do demônio e qual sua relação com o Vaticano.
Nesse ponto o diretor Julius Avery saiu um pouco da caixinha. Criou uma história ao fundo mais interessante do que simplesmente explorar os pecados passados dos exorcistas. Vejam, ele também faz isso. E o espectador tem direito a revisitar o passado dos dois padres de forma bem didática. Mas nota-se que Avery se esforçou para sair do lugar comum.
O exorcista número 1
O diretor também se esforçou para aproveitar ao máximo a rica persona de Gabriele Amorth. Diz a lenda que o padre italiano realizou mais exorcismos do que qualquer outra pessoa no mundo durante os quase quarenta anos no cargo. Avery conseguiu passar para Russell Crowe o estilo direto e bem-humorado de Amorth. Não por acaso, o ator vencedor de Oscar® revelou que se interessou pelo filme porque o padre é uma pessoa real e que documentou as coisas que experimentou em vários livros:
“Eu gosto de interpretar pessoas reais. Há uma responsabilidade extra quando você está interpretando alguém real, para tentar transmitir a essência dessa pessoa”.
O Exorcista do Papa estreia em 6 de abril nos cinemas nacionais distribuído pela Sony Pictures.

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