Crítica | Filme | Zona de Interesse

Veja se essa história não é comum. Uma família vive momento de prosperidade graças à dedicação do patriarca à corporação onde trabalha. Contudo, seus superiores devem remanejá-lo para outra filial, pondo em risco a harmonia conquistada em casa.

Zona de Interesse bem que poderia ser uma produção americana, daquelas que falam de superação, decisões difíceis e carreira versus felicidade.

Não fosse o filme ambientado em Auschwitz em plena Segunda Guerra Mundial. O patriarca da próspera família alemã é o comandante de um dos campos de concentração mais mortais de então e a corporação onde ele trabalha é simplesmente o III Reich.

O que vemos na tela é a vida corriqueira dessa família, que curte piqueniques, piscina e encontros familiares. Que conhece do bom e do melhor não apenas por conta do soldo do militar, mas também graças à pilhagem que os nazistas promoveram ao exterminarem judeus. Roupas íntimas, casacos de pele e até diamantes chegavam até as mãos desses “privilegiados”.

Que se esforçavam para ser cada vez mais eficientes no intento de se livrarem dos judeus. E ficar bem na fita com Adolf Hitler.

O diretor e co-roteirista Jonathan Glazer consegue expor o nervo no tema sem ser explícito, gerando o mesmo desconforto que um A Lista de Schindler causaria. Como as fumegantes chaminés, ao fundo em várias cenas, e que nunca cessam atividade. Ou o fluxo de cinzas que desce o rio atrapalhando a pescaria e a brincadeira das crianças.

Mais chocante ainda são as cenas captadas no Memorial e Museu Auschwitz Birkenau, onde mais frutos da pilhagem nazista estão expostos. Zona de Interesse concorre ao Oscar® de melhor filme merecidamente. Estreia em 15/2 distribuído pela Diamond Films.

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