Eu lembro que depois de assistir Matrix (1999) e descobrir que teríamos uma trilogia, fiquei empolgado demais com a oportunidade de testemunhar o eterno galgar de degraus ao qual a Sétima Arte se submete. Sempre elevando o sarrafo, fazendo com que o espectador conte os dias para um próximo filme no porte de Matrix.
Curiosamente, nem sempre as continuações correspondem às expectativas do público. Este não é o caso de Duna: Parte 2, que a Warner Bros. Pictures entrega ao circuito nacional em 29/2.
O filme do diretor canadense Denis Villeneuve (Blade Runner 2049) é tudo o que se esperava de uma nova adaptação para a obra de Frank Herbert. Méritos, portanto, ao próprio Villeneuve, que assina o roteiro ao lado de Jon Spaihts, o mesmo da primeira parte e também de Doutor Estranho, por exemplo.
O filme de David Lynch
Não se enganem. Continuo curtindo bastante a versão de Duna de 1984, dirigida por David Lynch. Por mais que digam que seus efeitos eram toscos, que o roteiro estava cheio de buracos e coisa e tal. Era o que poderia ser feito na época. Tipo as tentativas com os heróis da Marvel ou mesmo com a obra O Senhor dos Anéis antes do avanço do CGI.
Contudo, para quem vive dos filmes há tantos anos, é bom ver o cinema andando para frente. Duna: Parte 2 não chega a subir um degrau inteiro na escala do entretenimento, mas ficou bem perto disso. Sem meias palavras: é diversão garantida em todos os quesitos.
A promessa – se é que houve essa formalização – de deixar bem para trás a versão anos 1980 foi cumprida. Tal e qual a profecia que falava da ascensão de Paul Muad’Dib Atreides como o Escolhido para libertar Arrakis dos grilhões do Império.
Parte 3 em desenvolvimento
Duna: Parte 2 ainda é a adaptação do primeiro livro de Frank Herbert, que foi dividido praticamente ao meio. Restam outros quatro e a Parte 3 está em desenvolvimento para o cinema. Há também uma minissérie prevista.
Sabendo disso – e sem dar spoilers -, fica fácil concluir que a Parte 2 de Duna termina com gosto de quero mais.
A Casa Atreides foi destruída em Arrakis e Paul (Timothée Chalamet, de Wonka) e sua mãe (Rebecca Ferguson, de Missão: Impossível – Acerto de Contas Parte 1). Os Harkonnen tentam espremer toda a especiaria de Duna, contudo, os Fremen formam uma oposição de guerrilha, dificultando a operação. Para desespero do Imperador (Christopher Walken).
Enquanto luta contra os Harkonnen, Paul nega seu destino como Lisan al Gaib, o Messias de Duna. E tenta ser aceito pelos Fremen e pelo coração de Chani (Zendaya, de Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa).
Dunas diferentes
Parto do princípio de que se um filme é baseado em livro, não deve contar exatamente a mesma história. Daí a necessidade de adaptação. E isso, Jon Spaihts e Denis Villeneuve fizeram bem. Há elementos do livro presentes e mesmo do primeiro filme. Particularmente, sinto falta daquelas armas de projeção da voz. Mas esse sou eu.
Em suma, Duna: Parte 2 é um belíssimo de um espetáculo. Não apenas visual, com cenas embasbacantes (procure uma boa tela para assisti-lo, ok?). Mas também sonoro, com uma trilha que dá personalidade ao filme. A duração, que poderia sempre ser uma questão, até que passa rápido. Mas alivie a bexiga antes de acomodar-se.

Ah, esse tá na lista para assistir.
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