Crítica | Filme | Barbie

Crítica | Filme | Barbie

A ideia foi revolucionária. Uma boneca com feições adultas no universo de brinquedos destinados a ensinar as meninas a cuidarem dos filhos. Essa foi Barbie no seu lançamento, uma boneca longilínea, vestida com um maiô listradinho, rabo de cavalo, maquiagem de adulta. Mas, os anos passaram, as coisas mudaram e Barbie passou a ser alvo de críticas.

Entre as pedradas mais contundentes, a de estabelecer um modelo inatingível de beleza. É impossível ser alta e magra como a boneca e sua própria existência, enfim, seria responsável pela infelicidade das mulheres. Em resposta, a Mattel, empresa criadora da boneca, demorou, mas se adaptou. Barbie ganhou cores e formas diferentes. E agora, um filme.

Sem medo

O longa recupera toda essa história de Barbie para nos levar à uma ideia, em resumo, a de que Barbie existe. Ela e todo o seu universo rosa estão a alguns passos de distância, eternamente nas pontas dos pés, saindo de casa por um escorregador, sem contas a pagar, congestionamentos e, como foi concebida, capaz de exercer qualquer profissão.

A ruptura chega quando algo do universo humano afeta a “Barbielândia”. O resultado, como mostra o trailer, é Barbie, papel de Margot Robbie, aparecer por aqui para solucionar o problema. E, claro, devidamente acompanhada por seu “acessório”, o boneco Ken, numa interpretação sem pudores de Ryan Gosling.

Claro que a partir dessa premissa seria simples fazer uma história em que a boneca solucionasse um problema e pronto. Mas, a Mattel e Robbie, que é também produtora do longa, foram além. O roteiro enfrenta todas as críticas que Barbie já recebeu, dá a cara à tapa sobre erros que levaram bonecas a saírem de linha e ri da própria Mattel.

Nesse processo entram desde a criadora da boneca, Ruth Handler, à crítica ao universo corporativo em que um bando de marmanjos decide sobre produtos direcionados ao público feminino. Paralelamente, a Barbie personagem do filme segue uma trajetória de autodescoberta, encontrando um novo significado na “vida”.

A sequência de temas que o filme explora, no entanto, é entregue de forma divertida, colorida e apaixonada. Eterno coadjuvante no universo Barbie, o Ken de Ryan Gosling tem, contudo, um generoso espaço no filme e rouba a cena em vários momentos. A bordo de uma coleção de figurinos ultrajantes, é um ótimo parceiro para a ensolarada Margot Robbie.

Uma grade ação de marketing

Não há dúvidas que a Mattel apostou sério no longa como parte de um grande plano de marketing. O objetivo da empresa é, em resumo, manter Barbie como campeã de vendas e ter seu próprio espaço cinematográfico. Vêm aí outros filmes inspirados em brinquedos da empresa, entre eles, os carrinhos Hot Wheels.

Mas, o acerto no elenco, e a decisão de tomar para si a responsabilidade de responder às críticas resultou num filme coeso. Sem vergonha de incluir um número musical de Kens ou quebrar a quarta parede, Barbie agrada tanto às nostálgicas do brinquedo quanto quem esqueceu que a boneca vista como antifeminista nasceu como símbolo de mudança. Estreia em 20 de julho, distribuição Warner Bros. Pictures.