Crítica | Filme | Planeta dos Macacos: O Reinado

Crítica | Filme | Planeta dos Macacos: O Reinado

Não quero entrar em nenhuma discussão sobre como a falta de criatividade nos cria sentimentos para preservar boas lembranças do passado. Poderia enumerar vários filmes e séries de TV que vieram nessa linha, simplesmente porque tiveram medo de arriscar, decidindo pela opção fácil de fazer uma nova versão de algo que já fizeram.

E, na época, O Planeta dos Macacos foi inovador.

Em 1968, coube ao diretor Franklin J. Schaffner levar para o cinema a obra do escritor Pierre Boulle, sobre um planeta dominado por várias espécies de macacos, onde vão parar três astronautas americanos que se perderam no espaço.

Um filme que conseguiu transformar em realidade uma história densa e cheia de reviravoltas, graças aos consagrados roteiristas Rod Serling (Além da Imaginação) e Michael Wilson, ganhador do Oscar® de Melhor Roteiro por Um Lugar ao Sol (1952) e A Ponte do Rio Kwai (1958).

E também à seleção do elenco encabeçado por Charlton Heston, e a direção primorosa de Schaffner que, três anos após o sucesso de Planeta dos Macacos, ganharia o seu Oscar® de Direção pelo clássico Patton – Rebelde ou Herói? (1971).

O sucesso do filme levou a 20th Century Fox a criar a franquia que dava continuidade a O Planeta dos Macacos, com De Volta ao Planeta dos Macacos (1971), Fuga do Planeta dos Macacos (1971), A Conquista do Planeta dos Macacos (1972) e Batalha no Planeta dos Macacos (1973). E claro, a franquia foi descontinuada por causa dos resultados ruins de bilheteria do último filme.

Aí, quando você achava que poderia ser muito interessante trazer O Planeta dos Macacos sob direção do já consagrado Tim Burton (sim, o diretor de Batman), ele faz uma versão onde as maquiagens eram muito boas, mas com uma história de um episódio da nova versão de Além da Imaginação dos anos 80.

E assim como surgiu em 2001, o filme foi para o esquecimento, não a ideia de recuperar a franquia.

Foi quando a dupla de roteiristas Rick Jaffa e Amanda Silver, apresenta para a Fox o conceito de Planeta dos Macacos – A Origem, onde experiências para dar inteligência aos símios acaba se transformando em um vírus que ganha a atmosfera, e vemos o jovem Caesar mostrar que macaco bom é macaco inteligente.

O conceito não apenas conquistou novos fãs, mas fez vários fãs da franquia original considerarem uma boa adaptação do conteúdo da obra de Pierre Boulle.

Aí vieram os filmes utilizando a tecnologia de captura de movimentos para dar autenticidade total para os símios, O Confronto (2014), A Guerra (2017) e agora Planeta dos Macacos: O Reinado.

O filme se passa centenas de anos dos eventos dos primeiros filmes. Aqui, vemos o jovem Noa tentando mostrar para sua tribo que sabe lidar com as águias, símbolos de liberdade de seu povo. Até que numa noite, ele tem duas revelações: a existência de uma humana que está rondado a região; e uma horda de macacos guerreiros que estão atacando comunidades e levando seus capturados para Proximus, o líder em busca de poder.

A horda ataca a tribo de Noa, obrigando-o como sobrevivente da tragédia, descobrir onde os guerreiros levaram seus amigos e sua mãe, após matar o pai de Noa no ataque.

Noa não é aquele personagem que vai ser construído para ser o grande guerreiro que vai liderar seu povo para a liberdade. Ele não é Moisés e tampouco Luke Skywalker. Ele é um jovem e inexperiente macaco, que não sabe lidar com sentimentos complicados e nem mesmo consegue dominar a arte de treinar águias, algo que será fundamental para o final do filme.

Mas no meio do caminho tinha uma Nova. Sim, a humana que ele viu rondando sua aldeia. Diferente das informações que são apresentadas no começo do filme, a humana Nova é diferente dos outros humanos. Eles se parecem muito com a primeira versão de O Planeta dos Macacos. Selvagens, sem noção do que acontece à sua volta, e sobrevivem da melhor maneira possível.

Nova sabe falar e seu nome é Mae. Ela está sendo perseguida pelos guerreiros de Proximus, porque o líder dos macacos, que tem um complexo de deus assustador, sabe que a garota pode ajudá-lo a ter mais poder. Não apenas isso, mas o poder para ampliar seus domínios.

Não vou entrar em detalhes sobre essa relação, para não entregar o filme. Mas pode ter certeza de que, mesmo com todos os acontecimentos envolvendo Noa e Mae, o filme caminha para uma revelação que parece ser uma grande virada do filme.

Mas não dá pé.

O diretor Wes Ball sabe que tem que conduzir uma história de aventura, ação e tensão, como vez na trilogia Maze Runner. Ao mesmo tempo, é perceptível que a história não vai ajudar a criar um clima de grande revelação, como aconteceu com o final do clássico O Planeta dos Macacos.

Não dá para ter a mesma revelação. E quanto se mostra que Mae é muito mais do que um elemento que vai ajudar Noa a crescer como personagem, ela mostra porque estava apoiando e precisando de ajuda do jovem símio.

O curioso é que o filme gira em torno das memórias de Caesar, que foi um grande líder para os macacos nessa versão. Mas elas não são usadas como força dramática para ajudar a contar a história. O conceito de que macaco não mata macaco cai por terra meia hora depois do filme ter começado.

E quanto se espera que o tema seja recolocado na trama, o filme muda de rumo e as memórias do grande líder desaparecem por completo.

E sim, o filme deixa espaço (e muito) para uma ou duas continuações após das informações reveladas ao final de O Reinado. Especula-se até, que esse filme abriria o caminho para recontar novamente a luta entre humanos e macacos pelo domínio do planeta.

A fotografia é muito boa, os efeitos de captura de movimentos dão a credibilidade para você ver os macacos atuando, além de um cenário mostrando Los Angeles coberta pela vegetação do tempo.

Planeta dos Macacos: O Reinado é um filme de ação com uma história muito divertida. Você não precisa assistir aos outros filmes para curtir essa quarta aventura. Tem revelações interessantes, mas triviais. Um bom programa para ver a natureza selvagem sob um outro ponto de vista. Estreia em 9/5 distribuído pela 20th Century Studios.

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