Disse uma vez e repito: cinebiografia é o típico gênero de filme que divide opiniões. Aqueles que conhecem bem o cinebiografado (ou cinebiografada) na qualidade de fãs, ficam sedentos para conferir o que foi levado às telas. Para depois dizer se concordam ou não.
Se a celebridade em foco já morreu, então, a coisa fica mais complicada porque às vezes atinge o status de divindade, tornando-se expressamente proibido revelar “suas falhas humanas”.
Quem não conheceu o cinebiografado ou cinebiografada até se arrisca a comprar o ingresso, mas fica desprovido daquela cumplicidade com os realizadores. Ou seja, quando algum detalhe é apresentado a esse espectador, é bem provável que não faça efeito nenhum aos seus olhos. Que, por outro lado, estarão mais abertos para observar o filme como um todo.
Particularmente, não conheço a carreira da cantora inglesa Amy Winehouse. O que nunca me impediu de curtir o som que ela produziu ou mesmo lamentar a sua morte precoce aos 27 anos. Apesar da pouca idade, Amy teve seu talento reconhecido pelas principais premiações do mercado musical e conquistou fãs ao redor do mundo.
Não apenas por conta dos seus dotes musicais. Sua voz é maravilhosa e as letras de suas canções conversaram (e talvez ainda conversem) com um público mais atento a questões contemporâneas. É o tal negócio: se ela queria apenas cantar coisas que lhe dissessem respeito e convidar as pessoas a relaxar por cinco minutos, encontrou seu lugar mundo. Ainda que brevemente.
Em Back to Black, vemos uma Amy Winehouse (Marisa Abela) começando a decolar na carreira e vamos até o momento em que fatura o Grammy. Esse é o recorte oferecido pelo diretor Sam Taylor-Johnson (Cinquenta Tons de Cinza). Muito foco no seu relacionamento com Blake (Jack O’Connell, de Invencível), com seu pai (Eddie Marsan, de Franklin) e com sua tia e inspiradora (Lesley Manville, de Sra. Harris Vai a Paris).
Fica claro que a intenção de Taylor-Johnson era primordialmente exaltar o enorme talento de Amy, capaz de colocar em letra e música sua crônica londrina no começo deste século. E nisso foi bem-sucedido.
Destaque para o trabalho de Marisa Abela, que treinou bastante para imitar a cantora, soltando a própria voz na maioria das músicas. Ainda que envolto por toda aquela energia ruim que cerca o abuso no consumo de álcool e drogas, e até mesmo a relação tóxica com a famigerada imprensa britânica sensacionalista, Back to Black é leve, salpicado de melancolia.
Se apenas as boas garotas vão para o Céu, Amy Winehouse mostrou que podia ir aonde quisesse. Com sexo, drogas & jazz. Definitivamente, o fato de não querer ser mais uma Spice Girl contou muito a favor em sua carreira.
Estreia em 16/5 distribuído pela Universal Pictures.

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