Crítica | Filme | O Tarô da Morte

Crítica | Filme | O Tarô da Morte

O Tarô da Morte é um péssimo exemplo da mesma narrativa tragicômica, e já desgastada, do grupo de adolescentes que “sem-querer-querendo” acaba por invocar um grande mal que os assola no decorrer de todo o filme.

Com pitadas de Premonição – franquia de cinco filmes dirigida por James Wong – e do mais recente Fale Comigo, dos cineastas gêmeos Philippou, O Tarô da Morte não consegue a mesma fama do primeiro ou a inventividade do segundo. Parece, aliás, uma mistura capenga dos vários blockbusters do gênero.

Os personagens carecem de densidade, como se fosse, de fato, uma crítica dos diretores ao universo védico de misticismos generalizados de hoje em dia. Mas o que aparece é apenas uma hilariante sequência de tentativas de sustos. Impregnadas com uma trilha sonora crescente a la Tubarão.

E, depois de um tempo sentado na cadeira do cinema, começamos a questionar o porquê de tamanha falta de criatividade e de crivo crítico de tais gêneros cinematográficos. Como uma espécie de embrutecimento mental deferido pelos 60 segundos de vídeo da cultura tiktokiana.

Há de se dizer, contudo, que o baralho de tarot é realmente muito bem feito. Não chega a ser assustador. É como se Egon Schiele se resolvesse por pintar fantasmagorias. Faz bem quem souber o nome do(a) artista.

O problema, entretanto, é quando as criaturas emergem das cartas para o mundo real. Nem tanto pela computação gráfica, que é bastante convincente, mas pela onda desnecessária e previsível de sustos e mortes. A um ponto de enfado. Tanto pela previsibilidade, quanto pelos diálogos forçados e dad jokes, destituídas de qualquer comicidade, direcionadas para um público gen Z.

O roteiro fica bastante evidente já no começo do filme, quando os personagens encontram o deck de cartas no porão da casa que alugaram, e a aniversariante Elise (Larsen Thompson) insiste para que a protagonista Haley (Harriet Slater), tire as cartas de cada integrante do grupo.

Haley lê as cartas de um por um, e enquanto o faz fica evidente a previsão da morte de cada personagem. Bem como pelas mãos de qual entidade do baralho cada um irá de Vasco; de arrasta; dessa pra melhor, etc.

Nesse ponto, o filme se desenrola com a espera da morte de cada personagem e a ajuda fracassada de Alma Astryn (Olwen Fouéré), veterana que sobreviveu à maldição das cartas com seu próprio grupo de amigos.

Em suma, o filme de Anna Halberg e Spenser Cohen nos faz questionar sobre a previsão de quanto tempo falta para os créditos finais e nos deixa a premonição desagradável da falência cultural pela ânsia aterradora do mercado. Estreia em 16/5 distribuído pela Sony Pictures.

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