Sou o vulto que nos céus voa solitário.
Minhas asas em leque se abrem, pairando-me no ar, sobre as nuvens.
Sou o forasteiro, que foge do mundo. O único espaço, que me acolhe…
O azul dos céus, sobre os picos gelados.
Meu corpo não treme ao frio do desafio,
Sou o anjo do céu para uns, outros do mal, meus olhos guias lapidados nas estrelas;
Me levam na vertigem do mergulho à presa, que se espanta e da morte não foge…
Sou o vulto coberto do negro da noite sem lua, com o colar branco do Deus Guardião Apa.
Sou o vento que vem dos Andes, coberto de minúsculas gotas do gelo, que se transformam
Em bênçãos de Copacati às águas do Titicaca.
Sou o vulto careca, que o peso dos anos transformou-me na flecha sem ponta, na
Adaga de têmpera forte, nua, sem o cortante fio.
Sou o velho solitário, coberto de plumas
Que voa, voa, voa, esperando o seu dia, que pousa no mais alto da montanha.
Depois, recolho as minhas asas, me deixo cair no mergulho vertiginoso até o fundo do rio.
E no prodígio de Hanan Pacha, o mundo futuro…
Volto, renasço nas mãos do Deus Inti, que me leva de volta ao ninho do pico mais alto
Na montanha vestida de neve, o renascer da minha missão.
Sou o mensageiro, o responsável pelo nascer do Sol…
Voo com minhas longas asas em leque, levando as estrelas todas as manhãs,
Acima das montanhas geladas, dando início ao ciclo da vida.
Sou o vulto solitário que paira no azul dos céus
Acima das nuvens… Eu sou o Condor.
