Poesia | Acima das nuvens

Sou o vulto que nos céus voa solitário.

Minhas asas em leque se abrem, pairando-me no ar, sobre as nuvens.

Sou o forasteiro, que foge do mundo. O único espaço, que me acolhe…

O azul dos céus, sobre os picos gelados.

Meu corpo não treme ao frio do desafio,

Sou o anjo do céu para uns, outros do mal, meus olhos guias lapidados nas estrelas;

Me levam na vertigem do mergulho à presa, que se espanta e da morte não foge…

Sou o vulto coberto do negro da noite sem lua, com o colar branco do Deus Guardião Apa.

Sou o vento que vem dos Andes, coberto de minúsculas gotas do gelo, que se transformam

Em bênçãos de Copacati às águas do Titicaca. 

Sou o vulto careca, que o peso dos anos transformou-me na flecha sem ponta, na

Adaga de têmpera forte, nua, sem o cortante fio.

Sou o velho solitário, coberto de plumas

Que voa, voa, voa, esperando o seu dia, que pousa no mais alto da montanha.

Depois, recolho as minhas asas, me deixo cair no mergulho vertiginoso até o fundo do rio.

E no prodígio de Hanan Pacha, o mundo futuro…

Volto, renasço nas mãos do Deus Inti, que me leva de volta ao ninho do pico mais alto

Na montanha vestida de neve, o renascer da minha missão.

Sou o mensageiro, o responsável pelo nascer do Sol…

Voo com minhas longas asas em leque, levando as estrelas todas as manhãs,

 Acima das montanhas geladas, dando início ao ciclo da vida.

Sou o vulto solitário que paira no azul dos céus

Acima das nuvens… Eu sou o Condor.

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