Crítica | Filme | Às Vezes Quero Sumir

Crítica | Filme | Às Vezes Quero Sumir

O longa americano Às Vezes Quero Sumir (Sometimes I Think About Dying) chega ao circuito nacional em 23/5 distribuído pela Synapse. Explorando temas atuais como solidão e autodescoberta, o filme acompanha a jornada de uma jovem tímida em busca de alguma conexão.

Em uma pacata e cinzenta cidade costeira do Oregon, nos EUA, a jovem Fran (Daisy Ridley, a da mais recente trilogia Star Wars) leva uma vida solitária e monótona. Fechada em seu mundo, ela transita entre casa e trabalho sem grande interação social. No entanto, a chegada de um novo colega, Robert (Dave Merheje), desperta em Fran a curiosidade e o desejo de se abrir para novas experiências.

Entre jantares e sessões de cinema, os dois se aproximam, criando uma conexão que vai além da amizade. No entanto, Fran se depara com um obstáculo interno: seus próprios medos e inseguranças (expressos em seus devaneios) a impedem de se entregar completamente ao relacionamento.

Sabe aquele momento em que nos pegamos olhando para o nada? Fran faz muito disso e deixa sua mente a levar para muito longe.

A diretora Rachel Lambert rapidamente traça o perfil de Fran para o espectador, a típica pessoa urbana americana cujas perspectivas de uma existência vívida são zero. Ao detalhar um pouco da rotina e solidão de Fran (talvez exacerbada por certa timidez, um caso clássico!) ela corre o risco até de não estabelecer uma conexão com o espectador. Se é possível pedir isso ao leitor, deixe a coisa rolar mais um pouco para perder os tons de drama e adquirir contornos de romance. Você já pagou o ingresso mesmo…

Justamente misturando romance e drama com sensibilidade salpicada por cima (e com toques de humor), Às Vezes Quero Sumir vai lidando com a já mencionada solidão da protagonista, além de sua dificuldade de conexão e sua busca pelo amor. Os toques de humor recaem na dinâmica de Fran em seu ambiente de trabalho, basicamente, mas não é nada que arranque lágrimas dos olhos. Ajuda a compor até uma crítica ao automatismo em nossas dinâmicas profissionais: aniversário de colega, cartão de aposentadoria, hierarquia, etc.

Para quebrar a vida quadradinha de Fran, entra em cena Robert, que a desafia a sair da sua zona de conforto e a se abrir para novas possibilidades. Esta é a virada que faltava para trazer um pouco de cor às locações e à vida da protagonista. A partir daí é como se a vida chegasse à história. Não à toa, o título original do filme é Sometimes I Think About Dying. Quem nunca?

Às Vezes Quero Sumir é inspirado na peça Killers, de Kevin Armento, com roteiro é assinado pelo próprio Armento em conjunto com Stefanie Abel Horowitz e Katy Wright-Mead. Atual para quem vive na cidade (claro!). Deve conversar mais com um público que curte produções com ritmo mais lento e que propõem raciocínio após a sessão.

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