Crítica | Filme | Assassino Por Acaso

Crítica | Filme | Assassino Por Acaso

Você já conhece essa história. Um detetive um tanto amarfanhado está ali fazendo seu trabalho, sobrevivendo como pode com pouco dinheiro, até aparecer uma mulher fatal e mudar tudo. Mas aqui, a narrativa ganha outro ritmo, vira diversão e surpreende no final. Tudo começa com Gary Johnson, professor de psicologia que leva uma vida comum trabalhando na universidade de Nova Orleans onde questiona seus alunos sobre que parte de nós é realmente nossa personalidade e quanto do que achamos que somos é na verdade influência do meio.

O pagamento não é muito bom, por isso, aproveitando seu talento com a eletrônica, Gary trabalha meio período para a polícia, onde ajuda a gravar conversas entre policiais disfarçados e criminosos. O alvo da equipe, pessoas que querem contratar um assassino de aluguel para mandar um desafeto para a terra dos pés juntos. Nada muito grande ou que renda manchetes, apenas um bom trabalho policial que, aliás, nem sempre gera condenações.  

Até o dia em que o policial que faz os contatos é suspenso e Gary, que para trabalhar foi obrigado a fazer um curso muito básico, é jogado para fingir ser um matador de aluguel e conseguir uma confissão. E o que foi uma emergência revela em Gary um talento natural para criar personagens e obter as confissões desejadas. Seu conhecimento de psicologia ajuda a entender quem a pessoa quer ver e ele apenas apresenta o produto que o cliente quer comprar, ou melhor, o assassino que a pessoa quer contratar. Aqui vale divergir de algo que o personagem diz, que assassinos de aluguel não existem porque ninguém arriscaria a pena de morte por outra pessoa. Mas vamos deixar essa inocência de Gary quanto o assunto – sim, Virgínia, existe Papai Noel e sim, Gary, existem matadores de aluguel – para o momento em que tudo muda, quando a mulher fatal aparece.

A tarefa de Gary é capturar em áudio o plano de Madison de se livrar do marido dominador. Fingindo ser Ron, um cara durão, com aquele jeito sexy de homem porcaria que atrai muita mulher, Gary a aconselha a pegar o dinheiro e se livrar do marido via divórcio.

Claro que ao se envolver com a mulher fatal, o detetive amarfanhado se vê num emaranhado de problemas, pior ainda para Gary, que mantém a persona de Ron toda vez que encontra Madison. Logo, Ron começa a invadir Gary e transformar o comportamento do professor cujo maior passatempo era observar pássaros. Gary se torna o cara que ele disse que não existe e sua transformação de professor inócuo de bermudas em cara capaz de puxar uma arma como se fosse Dirty Harry é divertida, incluindo o plano rocambolesco para tentar escapar da confusão toda ao final. Protagonista e coroteirista, Glen Powell está confortável nessa transição e a direção de Richard Linklater gera uma daquelas produções em que parece que todo o elenco está adorando o trabalho.

Divertido e cheio de bons momentos, Assassino Por Acaso vale o tempo, a pipoca e vai virar uma daquelas reprises ideais para preencher aquelas tardes em que a ideia é não forçar a cabeça com dramas grandes e profundo.

Vem ainda com uma revelação surpreendente no final. Quase todo enredo é baseado na história de um homem real chamado Gary Johnson, que por dez anos atuou na polícia de Nova Orleans fingindo ser um assassino de aluguel sempre que a polícia precisava capturar evidências de que alguém queria matar um inimigo. Ele não era o único a fazer o trabalho, mas era considerado o Lawrence Oliver da atividade por sua capacidade de assumir diferentes personalidades, chegando a atuar num crime de alta visibilidade, o plano de uma socialite de mandar para o outro lado o marido milionário do petróleo. Acabou na cadeia depois de conversar com um homem vestido de forma chique, mas casual, bem-educado e de fala mansa a quem ela entregou as joias que usava, incluindo o anel de noivado de vários quilates. O homem era Gary. E o filme é uma divertida homenagem bacana ao seu trabalho um tanto estranho. E sim, ele tinha dois gatos chamados Id e Ego. Assassino Por Acaso estreia em 13/6 distribuído pela Diamond Films.

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