Embora possa parecer um filme contemplativo e e excessivamente lento, com a narrativa se desenrolando de maneira deliberada, A Flor Do Buriti – de João Salaviza, Renée Nader Messora, Ricardo Alves Jr. e Julia Alves – nos mostra o ritmo de vida oposto àquele que hoje temos naturalizamos em sociedade.
A câmera, pois, entende isso. Não é intrusiva, mas sim uma observadora respeitosa. Permitindo que a vida do outro lado da objetiva se desnovele de maneira autêntica e sem a pressa que porventura tenhamos naturalizado na cidade.
Por tratar-se de um filme de base documental, há de se admirar com a veracidade e representação respeitosa dos Krahô. O longa, pois, mostra uma narrativa de contraponto àquela que caracteriza a visão colonial. Não há a romantização e marginalização cinematográfica as quais nos acostumamos. Pelo contrário, o filme devolve a voz e agência aos povos indígenas. Permitindo que a história seja contada em seus próprios termos.
Em suma, A Flor do Buriti é um filme que transcende a mera representação visual para oferecer uma reflexão profunda sobre a história e a continuidade da resistência indígena no Brasil. Ele nos lembra que a colonização não é apenas um capítulo fechado no passado, mas uma realidade cujas consequências ainda são sentidas hoje. Ao mesmo tempo, celebra a resiliência e a vitalidade dos povos indígenas, oferecendo uma mensagem de esperança e um chamado à ação para todos os que assistem. Estreia em 4/7 distribuído pela Embaúba Filmes.
