Crítica | Filme | Elis & Tom: Só Tinha de Ser Com Você

Crítica | Filme | Elis & Tom: Só Tinha de Ser Com Você

Se os Beatles podem, Elis Regina e Tom Jobim também podem! Acompanhar de perto antigas filmagens raras realizadas nos bastidores de gravações fonográficas históricas está longe de ser uma novidade no mercado internacional. Afinal, todos curtem ver seus ídolos em momentos de descontração, enquanto desenvolvem seus processos criativos.

No Brasil, a prática de registrar e exibir estes processos não é tão comum como no exterior, fato que amplifica ainda mais a importância do delicioso documentário Elis & Tom: Só Tinha de Ser Com Você, em cartaz nos cinemas a partir de 21/9, com distribuição da O2 Play.

O longa é o registro documental das gravações do álbum (no meu tempo se chamava LP) Elis & Tom, um momento mágico e icônico da música brasileira. Um instante no qual – segundo João Marcelo Bôscoli, filho de Elis e um dos depoentes do filme – “vários raios caíram no mesmo lugar”.

Escapando da ditadura, curtindo a liberdade

O ano era 1974, auge da ditadura civil-militar-empresarial brasileira, aqui na América de baixo. Na América de cima, respiravam-se ares de liberdade misturados com um “desbunde” (como se dizia na época) de informalidade, descontração e liberação de costumes.

Uma Elis Regina de 29 anos e um maestro Antonio Carlos Jobim, de 47, reúnem-se em um estúdio em Los Angeles para gravar um disco. Ninguém ainda tinha a noção de que aquelas semanas estavam gestando uma obra de arte histórica.

Para a felicidade de todos os amantes da música, da beleza e da história, um dos produtores do álbum, Roberto de Oliveira, teve a ideia de alugar uma câmera de 16 mm (afinal, todos estavam na capital mundial do cinema) e registrar tudo. O resultado destas filmagens vem à tona agora – quase 40 anos depois – transformado no emocionante Elis & Tom: Só Tinha de Ser Com Você. É como encontrar um tesouro perdido.

Um dos melhores álbuns da história

O ambiente do estúdio, os ensaios, carinhos, brigas, canções inéditas, risos, tensões, o retrato da época, as músicas, está tudo lá. Devidamente restaurado num retumbante 4K, claro! Há ainda ótimos depoimentos atuais de quem viveu a inesquecível jornada de ter participado da realização de um dos melhores álbuns não só da música brasileira como também da mundial.  E quem diz isso não sou eu, mas vários depoentes internacionais do longa.

O filme só não é perfeito porque – assim como acontece em vários longas – há aquele momento em que parece que o diretor se apaixona perdidamente pela própria obra e não quer terminá-la nunca mais.

A direção é do próprio Roberto de Oliveira, em parceria com Jom Tob Azulay. Imperdível.

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