A TV 3.0 surge como a promessa de transformar a televisão aberta no Brasil em um dispositivo tão inteligente quanto um computador de última geração. Com recursos de acessibilidade e funcionalidades integradas à internet, a nova TV permite o uso de comandos de voz, gestos e até mesmo olhar. Em suma, essa revolução tecnológica é prometida em projeto do Ministério das Comunicações (MCom), executado pelo Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital (SBTVD) e apoiado pela Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP).
Apelidada de “TV das Coisas” devido à sua alta conectividade, a TV 3.0 oferece quatro vezes mais resolução com imagens em Ultra HD. Além disso, permite a integração com dispositivos inteligentes como óculos de realidade virtual, sensores de odor, ar condicionado e luzes inteligentes. Por causa dessas inovações, a nova televisão promete redefinir o conceito de interatividade e conectividade para os usuários.
O ministro das Comunicações, Juscelino Filho, destacou a importância da TV 3.0 durante um seminário promovido pelo MCom em abril. “Estamos diante de uma das mais esperadas revoluções do setor, que chega a ser mais significativa do que a transição do analógico para o digital. É o futuro da TV no Brasil”, afirmou. Filho ressaltou que todas as evoluções de imagem e som estarão disponíveis na TV aberta para a população, integrando definitivamente a televisão gratuita com a internet.
Adriano Adoryan, gerente de soluções da RNP, explicou que desde 2019 a instituição tem colaborado na definição da TV 3.0, aplicando técnicas de facilitação para integrar equipes de pesquisa, gerenciando bolsas, adquirindo equipamentos e participando de eventos de divulgação.
A atualização da TV aberta busca manter sua relevância na cultura brasileira, presente em 94,4% dos lares. A TV 3.0 substituirá os canais por aplicativos das emissoras, permitindo acesso a conteúdo ao vivo ou sob demanda. A publicidade também será segmentada, como já ocorre na internet, proporcionando novas possibilidades de interação, como votar em enquetes, participar de chats com outros espectadores, comprar itens apresentados em novelas ou escolher a câmera durante uma partida de futebol.
Para viabilizar essa interação, a TV 3.0 integra a experiência da TV aberta aos aplicativos atuais de TV conectada, apresentando-se como uma Central de Aplicativos. Contudo, ao escolher um canal, será preservado o zapping e a integração com conteúdos sob demanda, mantendo uma interface de navegação intuitiva. Em suma, essa nova experiência pode ajudar as emissoras a recuperar parte de suas receitas, afetadas pela propagação dos streamings e das redes sociais.
A conexão à internet, contudo, não será obrigatória para acessar a TV 3.0, mas sim para usufruir dos recursos de interatividade. A migração para a TV 3.0 deverá seguir um processo similar ao da transição do analógico para o digital, inicialmente através de conversores e, posteriormente, com a produção de aparelhos adaptados à nova tecnologia.
O SBTVD está na fase final de testes das tecnologias de transmissão do padrão proposto para a TV 3.0, com conclusão prevista para dezembro deste ano. A expectativa é que a nova tecnologia comece a ser implementada no próximo ano, transformando a forma como os brasileiros consomem televisão.
