O longa brasileiro Ninguém Sai Vivo Daqui, dirigido por André Ristum, toma como base o livro Holocausto Brasileiro, escrito por Daniela Arbex, para mostrar ao espectador o quão rudimentar era o tratamento dispensado para pacientes psiquiátricos no Brasil. Desumano, até.
O foco está hospital psiquiátrico Colônia, em Barbacena (MG), no início dos anos 1970. É para que o pai de Elisa (Fernanda Marques) a despacha após descobrir uma gravidez imprevista fruto de um relacionamento indesejado. Como muitas outras produções que abordam a vida institucionalizada, Ninguém Sai Vivo Daqui revela que muitos dos internados nunca se curam atrás daquelas paredes. Ao contrário, costumam piorar.
Essa mesma história já havia rendido uma série, Colônia, e Ristum explica que existem diferenças fundamentais entre os dois conteúdos:
“No filme, as coisas são mais concentradas. O longa acaba sendo mais impactante do que a série que vai aos poucos entrando naquele sofrimento, na dureza que é a vida dessas pessoas”.
Um tema tão pesado assim, ganhou um tratamento estético proposital, a fotografia preto e branco, que nas palavras do diretor se tornou um personagem no filme. Claro, as angústias dos pacientes não colorem a vida de ninguém e o espectador é convidado a participar dessa visão.
Ristum ainda reforçou a história com vasta pesquisa feita in loco, em conversar com os locais e profissionais que aturam em Colônia de alguma maneira, bem como assistindo documentários e registros jornalísticos da época. Por isso, ainda que vejamos personagens ficcionais, suas personas são bem reais.
Além da fotografia preto e branco, as sombras são bem exploradas em cenas bem dramáticas. Claro, o que pode ser apontado como um ponto forte também pode afugentar o espectador, digamos, mais resistente. Acostumado à grandiosidade hollywoodiana.
O diretor ainda lembra que o tema dos hospitais psiquiátricos (lembra de Bicho de Sete Cabeças?) está em aberto no Brasil, apesar da reforma psiquiátrica ocorrida em 2001. Dá a importância de Ninguém Sai Vivo Daqui trazer a discussão de volta. O filme estreia em 11/7 distribuído pela Gullane+.
