É muito raro eu acabar de assistir a um filme em uma cabine de imprensa e já ficar com vontade de escrever sua crítica. Deadpool & Wolverine, esperado longa reunindo talvez dois dos mais populares heróis do MCU, é tão rico de inputs que fiquei com receio de deixar algum pensamento de fora… Por isso, organizei as ideias da melhor maneira possível para também não gerar um textão nada atraente. Ah, antes de mais nada, o filme estreia em 25/7 distribuído pela Disney/Marvel.
Vamos começar pelos prós:
Quem tem tudo para gostar de Deadpool & Wolverine?
- Para começar, o óbvio. Quem gostou dos dois filmes anteriores de Deadpool. Quem gosta de quadrinhos (da Marvel, em especial). Os fiéis fãs de Deadpool & Wolverine e mesmo de Ryan Reynolds e Hugh Jackman.
- Quem está cansado de mais do mesmo no MCU: quando a galera da Marvel abriu a porta do multiverso e What If? as coisas ficaram muito complicadas para o espectador, até mesmo para os iniciados nos conceitos. Depois, tinha que assistir determinada série para ver o primeiro longa, aí depois o terceiro e uma cena pós crédito de um título menor. Isso, para entender duas linhas de texto. Tudo ficou confuso, sem frescor e preguiçoso. A impressão que se tinha é que a Marvel/Disney acertaria sempre. As Marvels provou que não.
- Aqueles que não se conformam com o tom familiar demais (outros diriam puritano) que a Disney imprimiu à Marvel. Deadpool & Wolverine mostra que é possível fazer filme com palavrão, mencionar drogas e sexo anal ornando com o espírito que um personagem Marvel tinha nos quadrinhos. Deadpool é esse personagem. Se em vez de falar “fuck” ele falasse “freak” certamente desapontaria os fãs.
- Aqueles que esperam por humor metralhadora giratória: essa é outra marca indelével de Deadpool. Piadinhas o tempo todo! Devemos ter no máximo uns 5 minutos de texto mais sério. No mais, é Deadpool tirando sarro da Fox, de Kevin Fiege e do MCU, da DC, de Hugh Jackman, de Ryan Reynolds… É muita coisa. O espectador sai de uma piada e lá vem outra. Claro, ajuda muito ter assistido aos filmes e séries do MCU e até mesmo da concorrência; ou conhecer, por exemplo, o envolvimento de Jackman com musicais e de Ryan Reynolds com A Proposta (2009).
- Quem topa dar mais uma chance ao multiverso: tudo bem que Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo (2022) faturou alguns Oscar® explorando esse conceito de multiverso (citado anteriormente, aliás), mas os diretores Daniel Scheinert e Daniel Kwan contaram uma história com começo, meio e fim. Não pensaram em eventuais pontas soltas no roteiro para possível franquia (quero crer!). No caso da Marvel, o tudo-nada cabia nos filmes, abrindo um mar de possibilidades e acabando com a paciência do espectador mais dedicado. Deadpool & Wolverine explora o veio do multiverso sem ser chato. Ao contrário, o próprio Deadpool dá um basta nas complicações. Aqui, mais uma vez, pensou-se no público, em como cativá-lo sem truques baratos e enrolações.
- Aqueles que aceitam efeitos digitais aos borbotões: se não me engano, quando Martin Scorsese usou efeitos visuais digitais em A Invenção de Hugo Cabret (2011), o fez tirando o melhor proveito do recurso para contar sua história. O recurso não era o protagonista da história. Percebem a diferença? Quando se dá vida a um Hulk, por exemplo, não haveria como fazê-lo sem CGI. Ao mesmo tempo, apenas o efeito não se sustenta na tela, vide a saga Transformers. O excesso também prejudica. Novamente, ponto para Deadpool & Wolverine, que precisa de CGI para contar sua história. Sem sacrificar texto, um pouco de drama e o objetivo primário: carimbar o passaporte de Deadpool como o Messias da Marvel!
- Quem curte referências: e aqui, Deadpool & Wolverine não se restringe às referências domésticas. Sobra para New Line, Warner, Fox e uma carrada de filmes desses e de outros estúdios. Se fosse lembrar de todas ninguém precisaria ir ao cinema! Tem até piada fazendo referência a uma série da Marvel com nome, temporada e número de episódio.
Quem NÃO DEVE gostar de Deadpool & Wolverine?
- Todos que nunca se interessaram por filmes de super-heróis. Aqueles que preferem “filmes cabeça” e não “filmes cabeças rolando”. Aliás, acho que nunca se viu tanta gente sendo morta por garras de adamantium e katanas como em Deadpool & Wolverine. Existem mortes até mais estilosas e bem mais escatológicas. Mas ver Logan e Wade Wilson completamente à vontade para matar criativamente vários e vários inimigos é respeitar as origens dos personagens e seus fãs. Costumava dizer que Wolverine tinha trabalhado sua agressividade em seus filmes e soltava toda sua violência nos gritos. Neste filme, Wolverine volta a ser um dos meus X-Men favoritos.
Seria possível escrever muito mais sobre Deadpool & Wolverine, mas minha intenção era apenas comprovar que fazia tempo que não me divertia tanto em um filme da Marvel. Espero ter aguçado os sentidos do leitor. Não contei nada da história e não dei spoiler algum. Mas vou antecipar um último ingrediente: participações especiais! Várias! Perdi as contas. Tudo de bom gosto, com inteligência, com um propósito. E vale muito a pena conferir as cenas após os créditos finais.
A ponto de ter convencido minha esposa a assistir aos dois primeiros Deadpool mencionando apenas uma ceninha.
Enfim, se optar por assistir à Deadpool & Wolverine, busque uma sala com áudio e vídeo de qualidade.

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