Poesia | Ecos de uma era moderna

Poesia | Ecos de uma era moderna

Essa não é terra para sábios. Gente

jovem, de olhos fixos em telas brilhantes,

consumindo sonhos de pixels, desejando

imagens efêmeras, na pressa incessante,

mergulhados em marés de luzes pulsantes,

esquecem a sabedoria que o tempo ensina,

trocando o eterno pelo instante fugaz.

Um homem velho é uma sombra nas ruas,

entre rostos apressados que não param,

a não ser que a alma encontre voz nas ruínas

de um mundo digital onde os ecos se calam.

Não há espaço na tela que celebre o passado,

nenhum algoritmo que entenda o legado.

Por isso, busco nas linhas invisíveis

a cidade dos sábios, onde o saber é palpável.

Ó guardiões do conhecimento, nas vastas

bibliotecas virtuais, entre códigos e dados,

surgi do etéreo mar de bits, em giros mágicos,

e tornai-vos mestres-cantores do meu ser.

Rompei meu coração, febril de incerteza,

acorrentado a um ciclo de redes vazias,

já não sabe o que é; arrancai-me do fluxo

para o labor eterno da sabedoria imortal.

Livre da tela, não hei de assumir

a forma efêmera que o digital forja,

mas aquela que os pensadores antigos

emolduraram em palavras e ideias eternas,

para acordar do sono a mente letárgica;

ou cantarei aos buscadores do saber,

pousado na árvore do conhecimento,

sobre o que foi o que será e o que sempre será.

Eu confesso… Já não sei mais o que sou;

ou deixei tristemente de ser.

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