Essa não é terra para sábios. Gente
jovem, de olhos fixos em telas brilhantes,
consumindo sonhos de pixels, desejando
imagens efêmeras, na pressa incessante,
mergulhados em marés de luzes pulsantes,
esquecem a sabedoria que o tempo ensina,
trocando o eterno pelo instante fugaz.
Um homem velho é uma sombra nas ruas,
entre rostos apressados que não param,
a não ser que a alma encontre voz nas ruínas
de um mundo digital onde os ecos se calam.
Não há espaço na tela que celebre o passado,
nenhum algoritmo que entenda o legado.
Por isso, busco nas linhas invisíveis
a cidade dos sábios, onde o saber é palpável.
Ó guardiões do conhecimento, nas vastas
bibliotecas virtuais, entre códigos e dados,
surgi do etéreo mar de bits, em giros mágicos,
e tornai-vos mestres-cantores do meu ser.
Rompei meu coração, febril de incerteza,
acorrentado a um ciclo de redes vazias,
já não sabe o que é; arrancai-me do fluxo
para o labor eterno da sabedoria imortal.
Livre da tela, não hei de assumir
a forma efêmera que o digital forja,
mas aquela que os pensadores antigos
emolduraram em palavras e ideias eternas,
para acordar do sono a mente letárgica;
ou cantarei aos buscadores do saber,
pousado na árvore do conhecimento,
sobre o que foi o que será e o que sempre será.
Eu confesso… Já não sei mais o que sou;
ou deixei tristemente de ser.
