Jô Soares, bem perto de completar dois anos de sua morte (5/8), é tema da minissérie documental Um Beijo do Gordo, uma produção Original Globoplay que estreou na plataforma em 28/7 e que chegará ao GNT já em 4/8, com exibições semanais de cada um dos seus quatro episódios.
Para quem se desconectou da televisão aberta há algum tempo é difícil mensurar a relevância que José Eugênio Soares teve para este veículo de comunicação de massa décadas a fio. Claro, começou coadjuvante na TV Record com Família Trapo e aparecia aqui e ali se revezando no teatro e no cinema, como em O Homem do Sputnik (1959).
Seria fácil ficar aqui repassando sua brilhante e multifacetada carreira, mas o que vale muito em Um Beijo do Gordo é conhecer Jô Soares um pouco mais de perto. Também seria uma moleza (pelo menos para mim e talvez minha geração) citar ao menos três bordões criados por ele em programas de humor como Faça Humor, Não Faça Guerra ou Viva o Gordo.
Assim como a vida de Jô, o documentário (e eu, por tabela) sai do óbvio. É uma homenagem, sim, aos seus talento, carisma e carreira. Não poderia deixar de ser uma colcha de retalhos habilmente costurados graças à direção artística de Antonia Prado e à direção e roteiro assinados por Renato Terra. Sob supervisão artística de Pedro Bial e Monica Almeida, diga-se de passagem, que vêm cada vez mais se dedicando a esse tipo de produção. Com habilidade.
Essa colcha vai sendo construída com fotos e vídeos antigos (pessoais e profissionais), trechos de entrevistas concedidas por Jô (algumas feitas pelo próprio Bial) e de espetáculos colhidos ao longo dos anos e muitos depoimentos. Comoventes e comovidos.
O acervo da Rede Globo também foi de muita utilidade para revisitar muitas de suas imortais esquetes de humor ao lado de outros tantos grandes talentos que atuaram ao seu lado. Para quem assistiu àquilo ao vivo, funciona praticamente como o Túnel do Tempo do Video Show. E essa frase pode não significar absolutamente nada para os mais novos, mas fazer o quê…
Os quatro episódios de Um Beijo do Gordo são repletos de uma nostalgia saudável para muitos telespectadores, afinal, naquela época, só não assistiu Jô Soares quem não quis. E como toda unanimidade é burra (me disseram!), sempre teremos os detratores. Que passam longe da série, obviamente.
Achei de bom tamanho ouvir talentos do humor com carreiras mais jovens falando sobre Jô e sobre como eles estão onde estão muito graças a ele. Seja porque foram entrevistados em seu talk show, seja porque se inspiraram nele para construir suas carreiras. Falo de Fábio Porchat, Tatá Werneck e outros que não apenas vivem do humor, mas não cospem na geração de humoristas movidos a bordões e ao politicamente incorreto.
Para mim foi muito bom rever Jô Soares e foi muito difícil segurar lágrimas em momentos televisivos marcantes, como na entrevista com Roberto Carlos ou quando Jô se despede do filho Rafael. Assim como ri de montão revendo entrevistas impagáveis, como a que fez com as amigas, Nair Belo, Lolita Rodrigues e Hebe Camargo.
Um Beijo do Gordo eterniza o bordão do imortal Jô Soares com bom gosto, zero de pieguice e muito da memória da TV aberta do Brasil. Como diria aquele outro, um must see.
