Poesia | A rosa deixou de ser flor

Poesia | A rosa deixou de ser flor

Vi tudo que tinha para ver

E vivi tanto no tudo que pouco mais tenho para viver.

Poeta, a flor, o corpo, a virtude e o amor

Palavras concebias que se colam a pele adormecida de um sonhador.

Quanta inspiração… Fantasias de trovador!

O carinho persistente da chuva a escorrer pelas estátuas de mármores

erguidas nos jardins e nos pássaros noturnos que se escondem da Lua.

Quão belas as vozes dos pássaros nos seus cantos matutinos.

Cantos e cantos entoados porque têm vozes sublimes, nasceram para cantar.

Verdades que se afloram… Folhas pelo chão!

Já não sou humano, não trago nos bolsos furados o mal da ganância e hipocrisia.

A delinquência dos políticos e os rituais diabólicos do sistema judiciário, leia-se STF.

Pertenço a outra raça, estirpe bravia em extinção, raiz despida do segmento incestuoso na qual caminha a humanidade em uma prática geral.

Respostas encontradas… Sonhos de lunático!

Não clamarei pelo pó da esperança, e muito menos pela violência sanguinária dos abutres-azuis.

Arcanjos, que voam à meia-luz do logro dos que querem ouvir.

Não erguerei armas incandescentes de raiva, removendo estrelas cintilantes;

E os cometas inesperados; apenas, almejo um novo mundo isento de cobiça e discórdia.

Caminhos que se cruzam… Vertigens que desmaiam!

Olho o relógio que não tenho, está na hora de passear o indomável.

Ouço o bater das horas no relógio da torre da igreja, chegou a hora de descansar.

Sinto-me órfão, as formigas me cercam enquanto lentamente morro.

A morte é sempre uma dádiva em minha idade, por vezes ouço o eco das pérolas-lamúrias.

Versos que se apagam… Escorregam pelas mãos!

Altas horas, escrevo a palavra rosa, renovo tantas vezes que rosa deixa de ser flor;

tão só passou a ser palavra única na minha arte inútil de ser poeta.

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