Vi tudo que tinha para ver
E vivi tanto no tudo que pouco mais tenho para viver.
Poeta, a flor, o corpo, a virtude e o amor
Palavras concebias que se colam a pele adormecida de um sonhador.
Quanta inspiração… Fantasias de trovador!
O carinho persistente da chuva a escorrer pelas estátuas de mármores
erguidas nos jardins e nos pássaros noturnos que se escondem da Lua.
Quão belas as vozes dos pássaros nos seus cantos matutinos.
Cantos e cantos entoados porque têm vozes sublimes, nasceram para cantar.
Verdades que se afloram… Folhas pelo chão!
Já não sou humano, não trago nos bolsos furados o mal da ganância e hipocrisia.
A delinquência dos políticos e os rituais diabólicos do sistema judiciário, leia-se STF.
Pertenço a outra raça, estirpe bravia em extinção, raiz despida do segmento incestuoso na qual caminha a humanidade em uma prática geral.
Respostas encontradas… Sonhos de lunático!
Não clamarei pelo pó da esperança, e muito menos pela violência sanguinária dos abutres-azuis.
Arcanjos, que voam à meia-luz do logro dos que querem ouvir.
Não erguerei armas incandescentes de raiva, removendo estrelas cintilantes;
E os cometas inesperados; apenas, almejo um novo mundo isento de cobiça e discórdia.
Caminhos que se cruzam… Vertigens que desmaiam!
Olho o relógio que não tenho, está na hora de passear o indomável.
Ouço o bater das horas no relógio da torre da igreja, chegou a hora de descansar.
Sinto-me órfão, as formigas me cercam enquanto lentamente morro.
A morte é sempre uma dádiva em minha idade, por vezes ouço o eco das pérolas-lamúrias.
Versos que se apagam… Escorregam pelas mãos!
Altas horas, escrevo a palavra rosa, renovo tantas vezes que rosa deixa de ser flor;
tão só passou a ser palavra única na minha arte inútil de ser poeta.
