E em 15/8 chega aos cinemas brasileiros mais um capítulo na franquia Alien, Alien: Romulus, filme distribuído pelo 20th Century Studios. Ao ouvir a palavra “franquia”, claro, já sabemos que pode vir coisa boa ou coisa ruim pela frente. Ainda mais quando se trata de Alien, saga um pouco sucateada ao longo dos últimos anos, principalmente se pensarmos em filmes como Alien: Covenant (2017) e Prometheus (2012). Digamos, generosamente, divisores de opiniões.
Não consigo cravar que Alien: Romulus é ruim. Ou bom. Diria que paira ali, no meio termo. Um entretenimento bom para quem desconhece a franquia (sabe-Deus-como?!) e não tão bom assim para quem ainda mantém Alien, o Oitavo Passageiro (1979) como um dos grandes representantes do gênero ficção científica/terror. Sem contar que é mais um dos trabalhos indeléveis do diretor Ridley Scott, meramente produtor em Romulus.
Aliás, a título de curiosidade, o Romulus do título vem da mitologia romana que prega que os gêmeos Remo e Rômulo, irmãos criados por lobos, foram os fundadores de Roma. E a partir disso, levando em conta que falamos de Alien, dá para imaginar sobre o que trata a nova tentativa de repaginar a criação de Dan O’Bannon, uma das mentes mais criativas a produzir conteúdo fantástico nos EUA.
Em Alien: Romulus, um grupo de jovens enxerga a oportunidade de melhorar de vida ao saquear uma nave que está à deriva no espaço. Obviamente, a nave está abandonada porque nela ocorreram experiências para combinar os genes da famosa criatura xenomórfica que todos conhecemos com os de seres humanos. Mais uma empreitada escusa da Weyland Corporation. Nem é preciso dizer que as coisas vão de mal a pior e os saqueadores vão sendo vitimados um a um, sem que seus gritos sejam ouvidos no espaço.
À medida que fui assistindo ao filme, dirigido e co-roteirizado por Fede Alvarez (A Morte do Demônio), fui relembrando o tanto de PC game Alien que joguei lá pelos anos 1990. Sempre optei por jogos de tiro em primeira pessoa com toques de RPG, mas o que mais curtia era o ambiente claustrofóbico que a imersão no jogo garantia. Uma das marcas registradas do filme de 1979, com ruídos estranhos cercando o jogador.
E aqui é bom parar e defender a franquia frente o original. Em 1979, Alien, o Oitavo Passageiro funcionou muito bem porque trouxe muita novidade. Do visual futurista inovador à mescla de ficção científica com terror. De efeitos visuais e sonoros incomuns à uma criatura raiz, sem CGI (mesmo porque não havia!). De uma história que não teve pudor em sumir com o suposto protagonista (o capitão vivido por Tom Skeritt) e colocar uma personagem feminina à frente de tudo (até de boa parte da franquia).
Depois de Alien, o Oitavo Passageiro não haveria como repetir essa performance. Diria até que o diretor James Cameron conseguiu algo bem diferente do primeiro filme com Aliens, o Resgate (1986), algo tão bom quanto. Afora isso, o que veríamos a partir disso seria o clássico “mais do mesmo”.
Tentaram, sim, algo mais cabeça com Alien 3 (1992) e sei-lá-o-quê com Alien – A Ressurreição (1997), mas a queda era iminente. A parte da franquia envolvendo o Predador fica em outra gaveta e eu não quero mexer nela.
O ponto é que à medida que foram mostrando mais da criatura, cria da tecnologia disponível no final dos anos 1970, foram rebaixando os personagens. Como espectador, também gostaria de ver um pouco mais do temido alien, mas talvez mostrar demais diminua a tensão, o suspense. E isso vale para outras coisas. E será que é possível equilibrar as duas coisas?
Alien: Romulus se esforça muito para chegar a esse equilíbrio, esparramando migalhas de vários dos filmes da franquia para os fãs se sentirem acolhidos (em uma única palavra? Ash). Mas caso também do visual patenteado pelo primeiro filme, com muitas sombras e tecnologia de ponta, mas que parece vintage. E citações aqui e ali com direito à frases imortalizadas por Sigourney Weaver, tipo “Get away from her, you bitch!”.
Ao mesmo tempo, carregaram um pouco mais no terror, deixando a ficção científica quase como um generoso (e bem construído) pano de fundo. Por isso, rolam um susto aqui e ali, nada que já não tenhamos visto. Isso conversa com outro tipo de público. Ainda dão um update na tripulação, com um jovem elenco que parece ter saído da franquia After. E uma nova pessoa artificial (David Jonsson, de Industry).
Falamos de Cailee Spaeny (Guerra Civil), Archie Renaux (Sombra e Ossos), Isabela Merced (The Last of Us), Spike Fearn (Aftersun) e Aileen Wu.
Por tudo isso e um pouco mais, veja Alien: Romulus com moderação. Não vá com sede ao pote como um fã fervoroso, prontinho para encontrar um monte de defeito. E também não vá pensando que se trata da última bolacha do pacote. E, ao que tudo indica, uma nova fase da franquia está por vir, dependendo dos resultados deste.

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