Em 1994, O Corvo (The Crow) tinha tudo para arrebentar nos cinemas mundiais. O filme pela primeira vez adaptava para a telona a obra de James O’Barr, quase uma unanimidade no universo dos quadrinhos fora do mainstream (leia- Marvel e DC). Hollywood, ainda um pouco tímida para levar para o cinema super-heróis dos comics, apesar dos sucessos de Superman e Batman, apostou na jovialidade do diretor Alex Proyas (que mais tarde ainda assinaria Cidade das Sombra e Eu, Robô, por exemplo), que vinha de uma carreira muito apoiada em vídeos musicais.
Não à toa, o visual de O Corvo lambe um pouco nessas influências e o personagem Eric Draven é um roqueiro, curiosamente. Aliás, Eric Draven, por si só, merece destaque à parte, afinal de contas, Brandon Lee foi escalado para interpretá-lo. Ninguém menos do que o filho do tranquilo e infalível Bruce Lee.
Claro que ninguém previa o fim trágico de Brandon durante as gravações de O Corvo e essa história todo mundo conhece. Contudo, ainda que a tragédia que abreviou a carreira do ator tenha adicionado generosas doses de marketing natural ao filme, isso não foi o suficiente para considerá-lo um tremendo sucesso, levando-o a recuperar apenas o dobro do seu custo. Nessa época, um filme tinha que obter no chamado mercado doméstico (EUA e Canadá) três vezes o seu custo de produção.
Mas penso que suas qualidades, somadas à morte de Brandon, pegaram carona na mitologia da família Lee e elevaram O Corvo ao status de cult muito rapidamente. Por mitologia, refiro-me à lenda de que todo primogênito na família Lee era ceifado por deuses chineses. Isso pode ser visto com mais detalhes em Dragão – A História de Bruce Lee (Dragon – The Bruce Lee Story, 1993).
Ele se tornou tão interessante que por muitos anos falaram em um remake, que só veio a ser lançado em 2024. Assista à crítica de O Corvo (2024) aqui.
Para corroborar com isso, aqui vai o texto que produzi na época do lançamento de O Corvo (1994) em DVD, já em 1995:
Uma subestimada adaptação de HQ feita para o cinema que merece revisão. Apesar da premissa baseada quase exclusivamente em um contexto de vingança, o diretor Alex Proyas transforma a tragédia vivida por Eric Draven (Lee) numa aventura cheia de nuances. O tom é sombrio (a ação decorre exclusivamente à noite) em consonância com o estado de espírito do personagem central. O rapaz e sua noiva são brutalmente assassinados por um bando que se auto intitula Top Dollar. O crime acontece em uma noite de Halloween. Um ano mais tarde, Eric ressuscita para se vingar dos seus assassinos. Brandon Lee imprime densidade ao personagem. Infelizmente, o ator faleceu durante a filmagem em um acidente misterioso. Algumas cenas tiveram que ser criadas por computador para completá-lo. Mas o acidente trágico, quase idêntico ao vivido pelo personagem, não atrapalhou o resultado final.
A seguir, confira o trailer e trechos do filme de Brando Lee. E fuja das continuações e da série. Se quiser investir em mais O Corvo, busque os quadrinhos de O’Barr.

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