Crítica | Filme | O Corvo (2024)

Crítica | Filme | O Corvo (2024)

O trauma de perder a namorada num acidente de carro levou o jovem James O’Barr a trilhar uma rota intensa em sua vida. Durante o tempo em que servia pelo exército americano na Alemanha, James começou a criar a história de O Corvo.

Eric Draven, um jovem roqueiro, morre com a namorada durante uma tentativa de assalto. Mas seu espírito não quer seguir em frente, para um outro plano astral. Sua alma inquieta exige um novo destino que permita vingar a morte da amada. De volta à vida, Eric começa a caçar o grupo responsável pelo seu assassinato e o de sua namorada.

Em 1993, o jovem diretor Alex Proyas assumiu o projeto de levar para as telas os quadrinhos de James O’Barr. No elenco encabeçado por Brandon Lee, a história mergulha o personagem no meio de uma quadrilha de traficantes que querem dominar a região, passando por cima de qualquer tipo de “pedra” no caminho. Eles não contavam com o espírito vingativo de Eric. Aliado a uma ordem de corvos responsável por ajudar o jovem morto em sua vingança, o indestrutível Eric tem o sobrenatural ao seu lado para conseguir saciar sua sede por justiça e voltar a encontrar sua amada.

O Corvo de 1994 traz uma história trágica fora da tela também. Foi durante uma das cenas de ação que uma arma defeituosa acabou tirando a vida da estrela em ascensão em Hollywood, Brandon Lee. Filho do lendário Bruce Lee, Brandon tinha decidido ser ator para seguir os passos do pai. Seu sucesso no filme Massacre no Bairro Japonês (1991) foi decisivo para torná-lo um nome importante nos filmes de ação.

Aliás, esse é o principal diferencial da nova versão que chega essa semana aos cinemas brasileiros (em 22/8, distribuído pela Imagem Filmes). O Corvo, dirigido por Rupert Sanders e estrelado por Bill Skarsgård, é um filme onde a história está mais focada no personagem de Eric acreditar que pode vingar a morte de Shelly, feita por FKA twigs, a cantora pop em seu primeiro trabalho no cinema como protagonista.

Um dos principais slogans do filme é “o verdadeiro amor nunca morre”, frase que parece ter sido tirada de um desenho animado da Disney. Ao contrário do comentário, o filme é um drama sobre almas gêmeas que se encontram no purgatório, onde a felicidade só será alcançada numa jornada de violência e destruição.

O diferencial entre essa versão e a dos quadrinhos é que Eric enfrenta um rico empresário que tem ligações com o Diabo. Com seu poder de influenciar pessoas a cometer crimes hediondos, Vincent Roeg, brilhantemente interpretado por Danny Huston, é o responsável por tirar Shelly da vida de Eric. Ele fez um pacto com o demônio para ter vida eterna, desde que mande almas inocentes para o inferno.

O confronto entre essas duas forças sobrenaturais passa pela aceitação de Eric que é uma espécie de anjo vingador, enquanto Vincent quer capturar o garoto para usar em seus planos mais nefastos. Não é um filme de ação, como a versão dos anos 90. Rupert, que fez uma versão de Branca de Neve mais violenta com Branca de Neve e o Caçador (2012), deixa o filme mais lento para focar no relacionamento entre Eric e Shelly. Como o slogan afirma, o amor é base dessa história.

Ainda assim, o fato do diretor dosar o ritmo do filme, as cenas onde Eric enfrenta e elimina os objetos da sua vingança, são muito bem coreografadas. A invasão ao teatro onde Eric procura Vincent é digna da cena da luta de Beatrix Kiddo contra o The Crazy 88 em Kill Bill – Volume 1.

Essa nova versão de O Corvo não tentou prestar homenagens aos quadrinhos ou ao filme de Brandon Lee. A ideia é mostrar um personagem de quadrinhos diferente, com uma história distinta e intrigante. Será que no final de contas, como dizem os Beatles, tudo o que precisamos é amor?

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