Quando chegamos à velhice, damos de cara com uma expressão que criaram: “a melhor idade”. Para mim, uma aberração. Como pode ser a melhor idade se já não nos lembramos de mais de nomes, telefones, etc.?
Somos acompanhados por remédios para a pressão, diabetes, colesterol, reumatismo, próstata e mais alguns…
A vista começa a ficar nublada, já não escutamos direito e o pior: nem podemos mais comer aquele torresminho.
E depois querem nos enfiar goela abaixo essa história de melhor idade. Só se for para os laboratórios e clínicas de repouso, ainda que não o eterno.
Por vezes me pego escutando a conversa de dois velhos, assim como eu:
– E aí, tudo bem?
– Sim, tudo bem! Fui ao médico hoje. Ele aumentou a dose do remédio para pressão, trocou o de diabetes e disse que preciso tomar mais água, pois a próstata está voltando a incomodar. E você?
– Eu também estive no médico esta semana, contei para ele que continuo mijando nas calças e, à noite, na cama. O remédio que ele passou para incontinência urinária não está fazendo o efeito desejado.
– E ele respondeu o quê?
– Me mandou usar fraldão noturno!
– Que chato! Você está usando?
– Sim! Mas dá muito trabalho, pois toda vez que vou mijar, quando estou acordado, tenho que tirar a fralda e me sentar. Não posso mais mijar em pé!
– Mas por que você tem que mijar sentado?
– Ué! Do contrário mijo no pé.
– É muito chato mesmo… Mas fazer o quê?
E depois falam que é a melhor idade? Só se for na casa deles!
