Crônica | Gonzaga

Crônica | Gonzaga

Neste último domingo fui dar uma volta com a esposa pelo Gonzaga. Estivemos na Rua Floriano Peixoto. Posteriormente, caminhamos pela Rua Marcílio Dias e seguimos em direção à praia.

Ao passarmos pela Caixa Econômica Federal, lembranças. Saudades dos tempos de Clube XV. Do restaurante onde jantávamos ao luar, das mesas de bilhar, dos salões de festas, enfim, áureos tempos que não voltam mais.

Caminhamos em direção à Ana Costa, porem fui mais além…

Voltei ao passado, por volta de 1888, quando a então chácara de George Holden foi cortada pelos trilhos dos bondes puxados a burros. Nela morava um trabalhador que fora mestre de obras, Tomaz Antonio Gonzaga, o qual passou a exercer mais tarde as profissões de marceneiro, construtor, avaliador forense e acabou como intermediário de negócios.

Nesta ocasião, adquiriu do senhor George Holden uma pequena área de terra de frente à praia, atual Marcílio Dias. Exatamente na esquina por onde passaria a linha de bonde puxado a burros.

Com a linha implantada, o bonachão e espirituoso, o nosso Tomaz Antonio Gonzaga, tratou de construir na esquina da praia um bar. O qual ficou referência para os passageiros que vinham passear na praia.

Logo, o bar do senhor Tomaz Gonzaga virou ponto de parada obrigatório para os passageiros que iam ou vinham esperar o bonde. Na ocasião, aguardavam tomando refrescos ou uma aguardente e saboreando petiscos. Aproveitavam para ficar ouvindo as histórias e piadas do nosso Tomaz Antonio Gonzaga. Ficando assim a parada conhecida como Bar do Gonzaga.

Quando foi elevado oficialmente a bairro, foi feita uma justa homenagem ao Thomaz Antonio, dando ao bairro o nome de Gonzaga.

Gonzaga, dos cassinos Atlântico e Parque Balneário, dos salões de mármores carrara, dos artistas franceses, da sociedade de Santos, São Paulo, Rio de Janeiro e outros. Desfilando suas vestes, joias, carruagens e carros, de tantas histórias…

Esclarecimento: muitos acreditam que o nome Gonzaga foi dado em homenagem ao poeta inconfidente mineiro Antonio Tomaz Gonzaga, homônimo do nosso bonachão e espirituoso Antonio Tomaz Gonzaga.

E assim, de volta à realidade. Vejo a minha cidade sufocada de espigões, de praias cobertas com areias escuras e dos mares tristes, onde os peixes já não mais existem. Fico a pensar e rabiscar um pequeno verso…

Gonzaga, das praias lindas, dos casarões, hotéis e bares.

Abrigo do passado de tantos sonhos, donde poetas escreveram e cantaram suas dores, seus enleios… Seus amores.

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