Crítica | Filme | A Vingança de Cinderela

Crítica | Filme | A Vingança de Cinderela

Eu sou totalmente a favor de releituras de clássicos da literatura infantil ou mesmo remakes que readaptem de maneira inteligente e nova histórias já bem manjadas pelo público. O que não significa que toda releitura e remake preenche esses requisitos, pelo menos para mim. Tendo deixando isso claro, falemos de A Vingança de Cinderela, filme que a A2 lança em cinema em 5/9.

De cara o leitor deve estar lembrando da versão Ursinho Pooh: Sangue e Mel (2023), terror fazendo troça do personagem-título, de Leitão e de companhia bela. Ou mesmo o que veremos na adaptação para Steamboat Willie, curta da Disney de 1928 que caiu em domínio público e também virou um terror. Minie deve estar aflita…

Mas falando de A Vingança de Cinderela, foi a vez da pobre órfã ganhar sua versão olho por olho, dente por dente. Quase que literalmente. Neste filme, a madrasta de Cinderela manda executar o pai da moça sem dó e sem pena, fazendo dela, a partir disso, praticamente sua escrava. E também de suas filhas, Rachel e Josephine. Na minha época, na versão Disney, chamavam-se Anastasia e Drizella… Mas tudo bem.

Sem ratinhos e passarinhos para ajudarem-na nos afazeres, a vida de Cinderela vai de mal a pior. Até que surge a oportunidade de comparecer ao baile do príncipe local e, quem sabe, arrumar um bom casamento. Com ajuda de sua fada madrinha (Natasha Henstridge, de A Experiência), ela consegue ter uns poucos minutos ao lado do rapaz, suficientes para decretarem a paixonite aguda entre ambos.

Cinderela sai às pressas do baile, perde seu sapatinho e deixa o príncipe desesperado. Mais desesperadas ainda ficam mãe e filhas, que jogar Cinderela para escanteio e entrar para a família real. Nem que alguém tenha que perder um dedo do pé para entrar no sapatinho.

Com a ajuda da fada madrinha e de uma máscara meio demoníaca, Cinderela parte para a ofensiva e sai caçando filhas e mãe, deixando um rastro de sangue ao seu redor. Depois que provou disso, esse espírito vingador nunca mais voltará ao borralho.

Sim, essa Cinderela é muita porreta. Tanto que, quando finalmente consegue ter o seu príncipe na cama, fica por cima dela. Onde já se viu uma moça empoderada desse jeito se submeter ao sexo convencional?

A Vingança de Cinderela não é o melhor exemplar de terror slasher ou mesmo de comédia ácida. Ainda que sua carruagem feita de uma abóbora tenha cedido lugar a um moderno Tesla, entregue a ela pelo próprio Elon Musk! Aliás, assim como Musk, temos dublês de Tom Ford e de Vidal Sassoom, entre outros.

A impressão que eu tive é que tentou-se fazer uma sátira com leves toques de horror e de comédia. Bem descompromissada. Com ares de filme de época e belas locações. Mas sem algo que a sustentasse.

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