Se você, assim como eu, estava preocupado com Hellboy e o Homem Torto, sugiro relaxar um pouco. O filme, que a Imagem distribuí nos cinemas brasileiros em 5/9, merece uma chance. Talvez não seja tão vistoso quanto o primeiro e o segundo, de 2004 e de 2008, visivelmente com orçamentos maiores. Mas também deixou para trás a má impressão da sequência de 2019, quando David Harbour (Thunderbolts) ficou debaixo da maquiagem para viver Anung Un Rama.
Os dois primeiros tinham uma pegada mais de filme de superherói, apesar de todo o ambiente paranormal levado para as telas a partir dos quadrinhos criados por Mike Mignola. O terceiro já dividiu melhor essa conta com o gênero terror (ainda que timidamente!) e Hellboy e o Homem Torto volta às origens quadrinísticas para (quem sabe?) marcar nova etapa na franquia. Para mim fica fácil imaginar uma série para o streaming, por exemplo.
Por origens quadrinísticas (sim, a palavra é horrível) entenda visual. Cor, textura, enquadramento e até mesmo a maquiagem do novo Hellboy (agora vivido por Jack Kesy) foram repensados para situar melhor os fãs da obra em quadrinhos. Por conta disso, confesso que em alguns momentos me senti na floresta do Evil Dead de Sam Raimi. Ainda que brevemente e sem a tal “subjetiva de rato” característica do filme.
Por essas e por outras é que Hellboy e o Homem Torto me parece mais um filme de terror do que de superherói. O que é justíssimo de acordo com o intento de Mignola, que participou da criação do roteiro, aliás. Esta adaptação dos quadrinhos não chega a ser o 300, de Zack Snyder, em termos de fidelidade, mas tem os seus momentos.
Em 1959, Hellboy e sua parceira, Bobbie (Adeline Rudolph), atravessam as Montanhas Apalache de trem escoltando uma perigosa carga. Após o descarrilamento e enquanto tentam recuperar a carga, encontram alguns dos motadores locais, pessoas afetadas por uma terra repleta de magia ruim. E bruxas. O perigo maior, porém, promete ser o tal Homem Torto, um coletor de almas bem poderoso.
Quem ajuda a dupla na jornada é Tom Ferrell (Jefferson White, rosto conhecido por conta de Yellowstone), um sujeito que manja de feitiços e de bruxaria, mas que não exerce a “profissão”.
O filme, como um todo, não está sobre os longos ombros vermelhos de Hellboy. Apesar de ser ele o protagonista. Pareceu acertado dividir essa responsabilidade com tudo que o cerca: locações, elenco, efeitos, etc. Isso deu mais corpo à produção, que pode não ter porte (e orçamento) de qualquer título do MCU. Mas que tem dose generosa de criatividade e originalidade frente os anteriores. É como dizem: se o cavalo ganha uma primeira vez é sorte. Se ganha uma segunda vez é coincidência. Se ganha uma terceira, está na hora de apostar no cavalo.
