In Memoriam – Sérgio Mendes (1941 – 2024)

In Memoriam – Sérgio Mendes (1941 – 2024)

Sérgio Mendes, apontado por crítica e público como um inovador e influente pianista, compositor e arranjador que se destacou como um dos primeiros artistas brasileiros a alcançar sucesso global, faleceu esta sexta-feira (6/9) em Los Angeles, aos 83 anos. A família confirmou o falecimento, mas não divulgou a causa da morte, segundo o Variety.

Segundo comunicado da família, citado pelo jornal The Guardian, Mendes “faleceu pacificamente” na cidade onde vivia, Los Angeles. “Sua esposa e parceira musical nos últimos 54 anos, Gracinha Leporace Sérgio, estava ao seu lado, assim como seus filhos. Ele se apresentou pela última vez em novembro de 2023, em Paris, Londres e Barcelona, para plateias lotadas e entusiasmadas,” afirmaram. “Nos últimos meses, sua saúde foi desafiada pelos efeitos da Covid longa.”

Herb Alpert, amigo de longa data e colaborador do brasileiro, escreveu nas redes sociais: “Sérgio Mendes era meu irmão de outro país. Um verdadeiro amigo e músico extremamente talentoso que levou a música brasileira, em todas as suas formas, para o mundo com elegância e alegria”.

Muito antes da revolução da música latina com artistas como Bad Bunny e Rosalía, ou da fascinação hipster pela Tropicália, Sérgio Mendes já fazia história. Ele definiu como o público americano ouvia a música brasileira por décadas, primeiro ao lado de Antônio Carlos Jobim, depois com sua própria banda, Brasil ’66. Com uma sensibilidade única para o samba, jazz e o pop cosmopolita de seu contemporâneo Burt Bacharach, Mendes criou sucessos como Goin’ Out of My Head, versões dos Beatles como Fool on the Hill, e sua versão clássica de Mas Que Nada, de Jorge Ben. Esta compôs a trilha sonora do filme Austin Powers: O Agente Bond Cama.

Desde a década de 1960 até os dias atuais, Sérgio Mendes se manteve como um ícone do pop/jazz brasileiro, produzindo e arranjando trabalhos marcantes, como Brazilian Romance, de Sarah Vaughan, e participando de animações que celebram sua terra natal, como o filme Rio, de 2011.

Nascido em 11 de fevereiro de 1941, em Niterói, Brasil, Mendes foi inicialmente direcionado pelo pai, um médico, para estudar piano clássico. Contudo, ao se mudar para o Rio de Janeiro e se apaixonar pelo jazz americano e brasileiro, seu interesse pela música clássica diminuiu. Ele logo começou a tocar em boates cariocas durante os anos 1950, bem a tempo de ser influenciado pela revolução da Bossa Nova, movimento criado por João Gilberto e Antônio Carlos Jobim. Sua participação na banda de Jobim, a quem considerava um mentor, fortaleceu ainda mais sua conexão com o estilo musical.

Além de tocar com músicos de jazz americanos como Charlie Byrd, Stan Getz, Dizzy Gillespie e Herbie Mann no Brasil, Mendes formou seu próprio grupo, o Sexteto Bossa Rio, que lançou o álbum Dance Moderno em 1961 e se apresentou no Birdland, em Nova York, ao lado do saxofonista Cannonball Adderley. Impressionado pelo estilo sutil de Mendes, Adderley e o pianista brasileiro gravaram Cannonball’s Bossa Nova para a Capitol Records em 1962.

Nos anos seguintes, Mendes e suas bandas lançaram diversos álbuns pelas gravadoras Philips, Atlantic e Capitol. Em 1966, ele conheceu os fundadores da A&M Records, Jerry Moss e Herb Alpert, que sugeriram que ele e seu grupo cantassem também em inglês. Sérgio então formou o Brasil ’66 e lançou o álbum de estreia em 1966, que incluía o sucesso Mas Que Nada, de Jorge Ben, e rapidamente conquistou o status de platina.

Mesmo após o declínio do mercado de pop brasileiro nos EUA, Mendes continuou sua carreira com diferentes formações, como Brasil ’99 e Brasil 2000, e manteve sua assinatura sonora em trabalhos como Brazilian Romance de Sarah Vaughan. Em 2006, ele lançou o álbum Timeless, que incluía uma nova versão de Mas Que Nada com o grupo Black Eyed Peas. Ao longo dos anos, Mendes continuou a colaborar com diversos músicos americanos e brasileiros, sempre inovando e ampliando sua influência na música global.

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