Crítica | Filme | Meu Casulo de Drywall

Crítica | Filme | Meu Casulo de Drywall

Se você é do tipo que ainda acha que violência doméstica e bullying são mimimi de gente que não é patriota, sugiro pararmos por aqui. Não se dê ao luxo de ler esta crítica ou sequer gastar seu tempo e dinheiro com Meu Casulo de Drywall, filme que a Gullane+ entrega ao circuito nacional em 12/9.

Agora, se você acompanha fontes sérias de informação, que fazem checagem de dados e são intolerantes às fake news, deve estar sabendo que o Brasil tem mais de 30 internações ao dia, frutos de tentativas de suicídio. Falamos de pouco mais de 11.500 internações computadas em 2023. E desse total, perto de 5.300 pacientes têm entre 15 e 29 anos. O suicídio é a terceira causa de morte entre os jovens brasileiros.

Em um país que projeta um envelhecimento da população, com prolongamento da vida e menos nascimentos, o dado se torna ainda mais alarmante.

Já deu para entender onde quero chegar. Meu Casulo de Drywall acompanha 24 horas na vida de moradores de um condomínio de alto padrão em uma narrativa não linear. Rapidamente, descobrimos que Virgínia (Bella Piero) se prepara para sua festa de aniversário de 17 anos, devidamente “autorizada” pela mãe (a sempre segura Maria Luísa Mendonça). Que, apesar de forçar uma barra para permanecer no apartamento, concorda em se ausentar.

E ficamos sabendo da inexplicável morte da menina, isso, com poucos minutos de filme. O trabalho da diretora Caroline Fioratti (Unidade Básica), aqui também roteirista e coprodutora, é recontar essas 24 horas qual uma investigadora, juntando peças de um quebra-cabeças com desfecho já conhecido. Tudo é muito simples, com visual que diferencia as cenas de flashbacks das cenas pós-festa. Mas a narrativa engrena um crescente de tensão que nos faz até esquecer qual o objetivo de todos. Não espere perder o fôlego com ela, contudo.

Claro, não se trata de um longa do tipo whodunnit. O interesse maior aqui é colecionar os elementos que bagunçaram a cabeça de Virginia a ponto dela querer se matar. Família desagregada, relacionamentos tóxicos, amizades, solidão… E essa é maior qualidade de Meu Casulo de Drywall, trazer à tona um tema atual, preocupante e que deve conversar com muito espectador que vivenciou isso ao redor. O filme de Fioratti não é profundo, mas iniciativas como esta são sempre necessárias.

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