Crítica | Filme | Não Fale o Mal

Crítica | Filme | Não Fale o Mal

Um casal de americanos conhece um casal de britânicos numa viagem à Itália. Os dois dividem a mesma pousada, compartilham o fato de terem filhos pré-adolescentes, a americana Agnes, que batalha contra a ansiedade apoiada pela presença de seu coelhinho de tricô, e o menino Ant, que tem problemas de comunicação por conta de uma malformação na língua.  

A simpatia é quase instantânea como acontece quando estamos fora de nosso espaço usual, o que para os americanos é ainda mais forte. Ben (Scoot McNairy) e Louise Dalton (Mackenzie Davis) vivem em Londres, para onde se mudaram para que ele abrisse uma filial da empresa onde trabalhava, projeto destruído pela crise econômica deixando o casal à deriva numa terra estranha, ele em busca de emprego, ela sem a recompensa esperada por ter deixado a própria carreira em apoio ao marido. A água já está chegando ao nariz, incluindo a derrocada do casamento.

Divertidos, os britânicos Paddy (James McAvoy) e Ciara (Aisling Franciosi) se infiltram nas férias dos americanos. São um pouco exagerados, mas não muito, um tanto invasivos, mas nem tanto, incomodam, mas não o suficiente para serem evitados. Sem amigos em sua fracassada aventura europeia, os americanos engolem o que não gostam e fazem o que o bom senso condena. Aceitam o convite para um final de semana na fazenda isolada dos novos amigos.

A visita se revela uma sucessão de alarmes ignorados em favor da boa educação até Louise decidir que os limites foram estourados e o casal deve partir com a filha. Claro que a saída às pressas não dá certo. É o que esperamos, nós que estamos do lado de cá da tela e vemos desde o início que fé demais não cheira bem nessa história toda. Que é preciso conhecer as pessoas um pouco mais antes de aceitar ficar hospedado na casa delas – ainda mais num local sem vizinhos – que o sorriso de Paddy guarda mais que algo de sinistro.

O clímax em Não Fale o Mal é também o esperado, com o casal de habitantes da cidade acostumados ao conforto e escolhas urbanas – ironicamente, como Paddy aponta, americanos que não gostam de armas – sendo obrigados a assumir seu lado violento para sobreviver. É o tipo de história que faz o público reagir chamando os personagens de burros a cada decisão errada, com aplausos para McAvoy por fazer Paddy ir do ligeiramente incômodo ao assustador, ao garoto Dan Hough pela atuação sem palavras e Mackenzie Davis como uma Louise que é bem mais eficiente em transformar ferramentas em armas que seu marido.

Não surpreende, mas é satisfatório ver a conclusão do final de semana do inferno que gente com um mínimo de bom senso não teria vivido. Mas um álbum de fotos mostra que não há falta de pessoas que decidem acreditar. Não Fale o Mal estreia em 12/9 distribuído pela Universal Pictures.

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