Não é novidade que o apresentador Silvio Santos nos deixou não tem nem um mês e já surge uma nova tentativa de retratar sua vida nas telas, o longa Silvio. Desta vez, a obra foca no episódio do sequestro ocorrido em 2001, quando Fernando Dutra Pinto, após confrontar policiais e fugir de um hotel escalando um prédio, invadiu a casa do famoso comunicador.

Rodrigo Faro assume o desafio de interpretar Silvio Santos, mas a escolha gera estranheza devido à diferença de idade entre os dois. A maquiagem exagerada e o visual caricato não ajudam a suavizar essa discrepância. Ainda assim, sua atuação é considerada razoável, mas sem brilho. Já Johnnas Oliva, que reprisa o papel de Fernando Dutra Pinto, personagem que interpretou na série O Rei da TV, se destaca como o ponto alto do filme, entregando uma performance envolvente e convincente.

No entanto, o longa tropeça em diversas escolhas narrativas. A tentativa de inserir humor em momentos inadequados, muitas vezes repetitivo e fora de contexto, prejudica o ritmo e o tom da obra, que se perde na dosagem entre o drama e a comédia. Os flashbacks que visam contextualizar a trajetória de Silvio enquanto ele negocia com o sequestrador são mal executados, lembrando mais um programa documental de baixo orçamento do que uma produção cinematográfica. A reconstituição de época deixa a desejar, com uma direção de arte pouco caprichada.

Alguns diálogos conseguem trazer certo charme, mas outros provocam risos involuntários, o que pode ser um indicativo de uma falta de coesão no roteiro. Para os espectadores que acompanharam O Rei da TV, a sensação de repetição é inevitável, já que muitos detalhes são explorados novamente, sem trazer novas perspectivas ou abordagens significativas.

Em suma, a tentativa de abordar um capítulo marcante da história de Silvio Santos resulta em uma experiência cinematográfica inconsistente, com momentos de brilho ofuscados por escolhas pouco inspiradas. Silvio estreia em 12/9 distribuído pela Imagem Filmes.