Crítica | Filme | Coringa: Delírio a Dois

Crítica | Filme | Coringa: Delírio a Dois

Antes de você decidir se vai ou não comprar o ingresso para Coringa: Delírio a Dois, filme que a Warner Bros. Pictures distribui no circuito brasileiro de cinemas a partir de 3/10, puxe pela memória para lembrar qual foi sua reação ao primeiro filme do Joker (2019). Apesar de ter lucrado pouco mais de US$ 1 bilhão nas bilheterias mundiais, é sabido que ele dividiu opiniões. E o mesmo pode acontecer com o segundo longa do personagem.

Coringa: Delírio a Dois continua esmiuçando a psiquê de Arthur Fleck (Joaquin Phoenix), agora institucionalizado no Asilo Arkham e recebendo um tratamento um tanto ineficaz para curá-lo do que muitos acreditam ser um caso de personalidade dividida. Todas as mazelas que acometeram a existência de Arthur (vistas no primeiro filme) geraram dor, insegurança e infelicidade sem tamanho. Que são canalizadas na forma de violência (uma psicopatia, talvez) quando o Coringa entra em cena.

Mesmo encarcerado, Arthur tem status de celebridade e milhares de fãs do lado de fora. E uma do lado de dentro do Arkham, Lee Quinzel (Lady Gaga), que moveu mundos e fundos para estar junto com seu ídolo e inspirador. E futuro amor.

O romance fica em segundo plano à medida que se aproxima o julgamento de Arthur, quando a defensoria pública (liderada por um certo Harvey Dent) tentará provar que essa coisa de personalidade dividida é bullshit e que o réu estava totalmente consciente quando assassinou cinco pessoas. Seis, na verdade, se contarmos sua própria mãe.

Falar do trabalho de Joaquin e Gaga é covardia. Ele levou um Oscar® de Melhor Ator por Coringa e ela, um de Melhor Canção por Shallow, de Nasce uma Estrela (2018). E ela já provou que também dá conta do recado como atriz. Suas atuações são sólidas porque, caso não fossem, os closes captados pelo diretor Todd Phillips revelariam isso ao espectador. Não, isso não é problema em Coringa 2.

O que pode ser um problema para o espectador são as várias canções que Coringa: Delírio a Dois traz, colocando como digno representante do até então inédito gênero musical de super-herói. Isso, muito devido ao fato de que o personagem nasceu dentro das histórias de quadrinho de Batman. Teríamos, então, um musical de vilão…

As músicas são o tal Delírio a Dois do título, devaneios ou desejos reprimidos do Coringa em companhia da futura Arlequina. São clipes de sua insanidade compartilhados com o espectador meio que para desnorteá-lo e levá-lo a questionar se aquilo é fato ou imaginação. Mesmo assim, não estranhe se você se sentir em uma animação Disney versão hardcore.

A partir daqui deixou um spolier. Migalhas de um spoiler, na verdade…

Isso faz da trilha do filme um dos seus destaques, ao lado de uma bela fotografia que explora as poucas cores quentes que surgem em cena. Por essas e por outras, nota-se que Coringa: Delírio a Dois foi milimetricamente estudado antes de ser executado. Pena que não elevou o sarrafo à altura das expectativas de muitos.

Diria até que o seu final aberto foi bem pensado. Dependendo dos resultados nas bilheterias, será que teremos um terceiro filme (ou série)? Com quem?

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