A frase que tem sido usada nos debates sobre questões inclusivas está no centro do cancelamento da série animada Velma, personagem criada nos anos 60 para o desenho animado da Hanna-Barbera, Scooby-Doo. “Quem lacra não lucra” pode ser aplicada a essa produção original da Max, destinada ao público adulto, que coloca a conhecida nerd da turma de Fred, Daphne, Salsicha e Scooby como protagonista. O problema identificado ao longo da primeira temporada, com dez episódios, foi a falta de empatia da personagem. A série, criada por Charlie Grandy, mostrava Velma anos antes de entrar para a Gangue Scooby, atuando como detetive amadora na escola.
Grandy é conhecido por ser um talentoso roteirista de séries como The Office, A Vida Sexual das Universitárias, vários esquetes do Saturday Night Live e The Mindy Project, criada por Mindy Kaling, que também atua como produtora executiva de Velma. Aparentemente, a dupla tentou modernizar demais a personagem, algo que talvez não fosse necessário. Basta observar as versões cinematográficas de Scooby-Doo, em que Velma sempre foi a nerd que resolvia os mistérios em que sua turma se envolvia.
O site Rotten Tomatoes, que avalia a recepção de filmes e séries tanto pelo público quanto pelos críticos, afirmou, por meio de seu crítico Joshua Alston, que Velma tem personagens desagradáveis, e a própria Velma apresenta tendências egoístas e misantrópicas. Na avaliação da primeira temporada, Velma recebeu 38% de aprovação dos críticos e apenas 7% do público.
Aí fica a pergunta: por que seguir em frente com novas temporadas?
No comunicado oficial da Max, o canal informa que “nas últimas duas temporadas, Mindy Kaling e Charlie Grandy criaram um mundo incrivelmente divertido e novo dentro da icônica franquia policial. Embora não avancemos com outra temporada de Velma, agradecemos a eles por sua narrativa convincente sobre a maioridade, pistas incomparáveis e travessuras hilariantes”.
Não se sabe quanto custaram essas duas temporadas, mas o cancelamento após duas temporadas indica que o CEO da Warner Bros. Discovery, David Zaslav, deve ter comunicado aos produtores que uma boa audiência é essencial para a continuidade de projetos com diversidade.
E assim, Velma se despede da telinha.
