Tár, escrito e dirigido por Todd Field, apresenta-se como um monólogo contundente sobre a dureza dos tempos atuais, sustentado por um cinismo intrínseco que não permite que nada passe despercebido. Com uma narrativa construída sobre contravenções meticulosamente articuladas, o filme desafia os moldes convencionais das cinebiografias.
Embora possa parecer uma narrativa biográfica, Tár é, na verdade, uma ficção que flerta com o realismo poético, explorando profundamente os temas que circundam a vida de sua protagonista.
A ascensão e queda de Lydia Tár
A trama gira em torno de Lydia Tár, uma renomada maestrina reconhecida mundialmente por seu talento brilhante. O filme acompanha sua trajetória até a inevitável queda, revelando as complexidades e contradições de sua mente genial.
Inicialmente, Lydia é apresentada como uma figura quase inalcançável, cercada por honrarias que vão desde prêmios Emmy e Grammy até Oscar e Tony, consolidando seu status de EGOT. No auge de sua carreira, ela é uma referência, não apenas no universo musical, mas também para profissionais de diferentes áreas.
Nos primeiros minutos, Tár impressiona ao destacar o legado de Lydia como regente da Filarmônica de Berlim. No entanto, conforme a narrativa avança, descortina-se uma verdade perturbadora: por trás de sua genialidade, existe uma personalidade profundamente corrompida pelo poder.
O declínio inevitável
Todd Field conduz a trama com maestria ao explorar a queda da protagonista. Cate Blanchett, em uma atuação impecável, entrega uma performance que captura a complexidade emocional de Lydia, tornando-a tanto fascinante quanto desconcertante.
Lydia mente, manipula e age com egoísmo, expondo-se como alguém movido por interesses pessoais. Essas ações desencadeiam um cancelamento público, refletindo as dinâmicas sociais amplificadas pelas redes.
O diretor aborda o tema do cancelamento de maneira ética, expondo os desvios de comportamento de uma mulher LGBT em uma indústria tradicionalmente dominada por homens. No entanto, quando atacada, Lydia encontra poucas oportunidades para se defender, sendo levada a um território sombrio e transitório.
Um debate em aberto
Tár levanta uma questão intrigante: o cancelamento de Lydia é consequência de suas atitudes ou de sua personalidade? O filme não oferece respostas diretas, deixando que o público reflita sobre os limites entre caráter e conduta.
Com uma narrativa impactante e uma performance magistral de Blanchett, Tár é uma análise crua sobre como o poder pode construir e, ao mesmo tempo, destruir uma vida privilegiada.
Tár estreou em 26/01/23 e já está no streaming, com distribuição da Universal Pictures.

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