Com uma metalinguagem agressiva, o diretor brasileiro provoca no espectador a sensação incômoda de questionar se deveria estar vendo aquilo, de invadir um lugar íntimo e de despertar o desejo de desconstruir seus próprios preconceitos.
A obra traz reflexões sobre a reinvenção do corpo, tanto para si quanto para o outro, e aborda como o julgamento pela aparência afeta não apenas quem é observado, mas também quem observa. O filme expõe a imposição social sobre como o corpo deve ser produzido, a dificuldade de se narrar como um ser humano único e a aceitação de formas sutis de violência que podem gerar consequências emocionais e físicas.
Eu, como homem hétero, gordo, calvo e míope, não sou nenhum exemplo de deus grego. E mesmo assim, não consigo entender completamente o que uma mulher sofre no dia a dia. Por mais que eu tente desconstruir o machismo geracional, ainda carrego preferências sobre como minha companheira deve se apresentar nos nossos momentos íntimos. A imposição machista persiste.
Com a atuação brilhante de Ludmilla Ramalho, Corpo Presente desafia o público a questionar o que considera belo e a refletir sobre a sexualização compulsória do corpo, seja de mulheres ou homens. A cultura do “macho alfa” também é criticada, revelando como essas imposições afetam a todos.
O filme ainda aborda as violências enfrentadas por corpos afro-indígenas e por aqueles que não se encaixam no binarismo de gênero. Barcelos questiona: até quando o corpo será fruto de julgamento?
Com distribuição da Embaúba Films, Corpo Presente chega aos cinemas em 28/11, deixando a esperança de que, como o mar que encontra resistência nas rochas, o tempo trará um caminho de liberdade para os corpos.
