Peter Jackson apresenta a obra de Kenji Kamiyama, que explora um dos grandes conflitos da obra de J.R.R. Tolkien, O Senhor dos Anéis, nas telas do cinema.
Em 1980, fui ao cinema assistir ao que considero o primeiro desenho animado com um tema mais adulto e que se distanciava das fantasias da Disney, até então líder da animação cinematográfica. O filme era O Senhor dos Anéis, dirigido por Ralph Bakshi, o mesmo que levou aos cinemas o personagem underground de Robert Crumb, Fritz – O Gato.
Até aquele momento, eu não fazia ideia do que era O Senhor dos Anéis, mas o desenho animado de Bakshi me levou a procurar os livros de J.R.R. Tolkien e mergulhar em um dos mais fantásticos universos da literatura de fantasia. Décadas depois, Peter Jackson realizou a proeza de criar a Trilogia do Anel, levando milhões de pessoas a conhecer a obra de Tolkien.
Não sei se essa foi a intenção de Peter Jackson ao decidir produzir essa história, mas essa nova produção traz o vigor da animação de Ralph Bakshi com o visual poético de Kenji Kamiyama, responsável pela série Ghost in the Shell SAC 2045 e pelo filme Ghost in the Shell SAC 2045 – The Last Human.
A história se passa 183 anos antes dos eventos que iniciaram a jornada do anel. É um momento tenso na Casa de Helm Mão de Martelo, o Rei de Rohan. Wulf, senhor de Dunlending, busca vingança pela morte de seu pai, forçando Helm a entrar em um confronto para proteger seu povo.
O local para esse confronto não poderia ser mais icônico: a antiga fortaleza de Hornburg, que no futuro será conhecida como o Abismo de Helm. Em uma situação cada vez mais desesperadora, Héra, a filha de Helm, deve reunir a coragem para liderar a resistência contra um inimigo mortal que pretende destruí-los completamente.
O fato de a personagem principal ser uma mulher diz muito sobre o que será visto durante as duas horas e 14 minutos de projeção. Héra está à frente do confronto. Sua recusa em se casar para apaziguar a tensão entre as duas casas lembra Merida, a protagonista do filme da Disney, Valente.
Independentemente da questão do empoderamento feminino, o trio de roteiristas entrega uma boa história. A dupla Jeffrey Addis e Will Matthews, que trabalhou junta na série da Netflix O Cristal Encantado: A Era da Resistência, junta-se a Phoebe Gittins, filha da premiada roteirista Philippa Boyens da Trilogia do Anel, que faz sua estreia em uma grande produção.
Ao mesmo tempo, o diretor cria um cenário de cores e movimentos que transporta o público aos momentos mais líricos de O Senhor dos Anéis – As Duas Torres, quando ocorre o confronto dos Cavaleiros de Rohan contra as hordas de orcs do Senhor Negro, no Abismo de Helm. Diferente do tom de vários animes, a violência gráfica do filme não é explícita. A Warner Animation adota uma política de evitar exageros no uso de vermelho em cenas de batalha.
O Senhor dos Anéis: A Guerra dos Rohirrim não é um filme para o público em geral. Ele mostra como a obra de J.R.R. Tolkien pode ser usada de maneira correta, agradando tanto aos fãs quanto atraindo novos interessados em O Senhor dos Anéis. O filme equilibra ação precisa e uma narrativa poética, sem abusar de mensagens impositivas ou produções pretensiosas que se distanciam da essência de Tolkien.
E aguarde: uma nova animação está prevista para 2026, escrita por Phoebe Gittins, intitulada O Senhor dos Anéis: A Caçada a Gollum. Estreia em 5/12 distribuído pela Warner.

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