Crítica | Filme | Até os Ossos

Crítica | Filme | Até os Ossos

Se você também acompanhou as críticas de O Menu e Noite Infeliz, ambos estreando em 1 de dezembro, já ter ouvido eu dizer que a temporada de filme não convencionais foi aberta. Nada contra nenhum deles. Quando localizo isso, na verdade, é apenas para tentar situar o espectador na hora de comprar o ingresso.

Às vezes o humor não está para peixe e tudo o que você quer é um filme da Marvel. Para não ter que ler entrelinhas ou meditar ao final da sessão. Até os Ossos é mais um desses filmes que a gente não consegue definir em poucas palavras.

Sem rótulos

É possível dizer que se trata de um road-movie tipicamente americano, envolvendo um casal apaixonado, a estrada e violações da lei. Se limparmos bem os olhos e nos concentrarmos na trama básica, seria um romance. Do tipo, “o que você não faria em nome do amor da sua vida”?

Contudo, também é um terror. Não tão sangrento quanto um slasher qualquer, mas bem mais impressionante no quesito canibalismo. Bem, Até os Ossos é isso e alguma outras coisas. Certamente não pode ser chamado de cinema convencional, isso garanto.

A história

No filme dirigido por Luca Guadagnino (de Me Chame pelo Seu Nome), rapidamente somos apresentados a Maren (Taylor Russell) e seu estranho apetite por carne humana. Isso obriga que ela e o pai mudem de cidade constantemente para não chamarem a atenção da polícia.

Um belo dia Maren é abandonada pelo pai e se vê sozinha na estrada, tentando chegar até o paradeiro de sua mãe biológica. No caminho, aprende a lidar um pouco melhor com esse seu distúrbio alimentar na companhia de outro devorador, Sully (Mark Rylance, de Ponte dos Espiões), veterano na prática.

Contudo, será com o jovem Lee (Timothée Chalamet, de Duna) que Maren se envolverá amorosamente. Assim como ela, Lee é um devorador, só que mais propenso a cometer assassinato em caso de fome. Nos EUA dos anos 1980, as estradas são ricas em alimento para eles. E também em problemas.

Baseado em livro

Até os Ossos o é baseado no livro de Camille DeAngelis e reúne no elenco alguns talentos que já trabalharam com Luca Guadagnino em Me Chame pelo Seu Nome. Casos de Michael Stuhlbarg e do próprio Chalamet. Que ainda divide a produção com outros talentos.

O diretor revelou que existe algo nas histórias sobre proscritos americanos que o atrai. Já é um tema comum em seus trabalhos. Não por acaso, Até os Ossos rendeu ao cineasta o Leão de Prata de Melhor Direção no Festival Internacional de Cinema de Veneza 2022.

EUA dos anos 80

A ambientação do Centro-Oeste americano nos anos 1980 foi caprichada, seja em figurinos ou em locações. Uma trilha musical bem cuidada colabora bastante com isso e ajuda a quebrar um pouco a trama espessa do filme.

Bem lá no fundo me lembrou outra produção não convencional trabalhada pela Warner no passado distante. Refiro-me a Assassinos Por Natureza, que tem lá suas semelhanças com Até os Ossos. Nada demais.

O elenco, puxado por Timothée Chalamet e Taylor Russell, está muito bem. O papel de Michael Stuhlbarg, por exemplo, é pequeno, porém significativo. Mark Rylance é o antagonista do casal devorador e justifica em cena o Oscar® recebido por A Ponte dos Espiões.

Até Os Ossos estreia nos cinemas brasileiros em 1 de dezembro de 2023, distribuído pela Warner Bros. Pictures. Que já havia promovido sessões antecipadas em algumas praças desde 24 de novembro.

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