O longa-metragem de animação Moana 2 (Disney) tem demonstrado um bom desempenho nas bilheterias domésticas e internacionais desde sua estreia nos EUA, no fim de semana de Ação de Graças, em 27 de novembro (no Brasil, 28/11). O filme arrecadou aproximadamente US$ 221 milhões nos primeiros cinco dias nos EUA, estabelecendo um novo recorde para o período e superando previsões iniciais que estimavam entre US$125 e US$ 135 milhões, por se tratar de uma continuação. Globalmente, o longa acumulou cerca de US$ 386 milhões nesse mesmo intervalo, consolidando-se como uma das maiores estreias do ano.
Apesar do sucesso comercial, a recepção da crítica para Moana 2, em geral, se dividiu. No Rotten Tomatoes, por exemplo, o filme obteve uma média de 67%, indicando avaliações medianas. Entretanto, o público demonstrou maior entusiasmo, atribuindo uma nota A- no CinemaScore, sugerindo uma resposta positiva dos espectadores.
Apesar de uma única indicação para o Globo de Ouro, é tradição que as animações da Disney disputem entre si indicações para o Oscar®, que deverão ser divulgadas em 17 de janeiro de 2025.

CriCríticos teve a oportunidade de participar da coletiva de imprensa com a equipe de criação de Moana 2. Falamos de Jared Bush (chefe de criação da Walt Disney Animation e produtor executivo e roteirista), Jason Hand (diretor), Dana Ledoux Miller (diretora e roteirista) e Abigail Barlow e Emily Bear (compositoras das músicas do filme).
Na ocasião, os envolvidos compartilharam detalhes sobre a gênese do filme, a introdução de novos personagens como Simea, o impacto de temas como identidade e amizade, além de desafios técnicos e criativos enfrentados ao longo da produção. Os compositores também revelaram o processo por trás das novas músicas, mantendo a essência do primeiro filme enquanto expandem o universo sonoro de Moana. Acompanhe alguns dos destaques da coletiva a seguir.
Entusiasmo com a continuação
Jared Bush começou falando sobre a gênese do projeto, destacando o entusiasmo contínuo dentro da Disney com Moana 2, desde o lançamento do primeiro filme, há oito anos: “Desde que o primeiro filme foi lançado, houve internamente na Disney Animation um grande entusiasmo para continuar a história da Moana. No primeiro filme, ao finalizar sua jornada, ela se tornou uma Wayfinder (navegadora), e sempre existiu essa pergunta: ‘Agora que ela sabe como navegar pelo oceano, o que ela vai buscar a seguir?'”.

Ele revelou que as discussões sobre a nova história começaram há cerca de três anos e meio: “A questão natural foi: há outras pessoas lá fora para encontrar? Certamente há. E, nesta história, pensamos em como poderíamos continuar a jornada de Moana em busca de identidade e autodescoberta”. Jared também refletiu sobre o tema central do filme, destacando como ele ressoa com a experiência humana: “Todos nós, em algum momento, sentimos que entendemos quem somos na vida, que definimos nossa identidade. Mas então a vida muda, e precisamos nos redefinir. Acho que essa foi realmente a gênese de Moana 2: quem ela será em seguida e o que ela encontrará no oceano”.
Novos personagens
A introdução de novos personagens em Moana 2 foi planejada com cuidado para complementar a missão da protagonista. Jason Hand, diretor do filme, destacou a importância de Simea, a irmã mais nova de Moana: “Acho que um dos novos personagens mais importantes, quando Moana volta para sua ilha, é sua irmãzinha. No filme, a história começa três anos depois, e isso foi feito de forma proposital para mostrarmos que a ilha dela está prosperando. Toda essa história é sobre o futuro de Moana e de seu povo, e isso está personificado em Simea, essa nova personagem incrível que foi uma delícia trazer à vida. Ela tem esses dois dentinhos da frente adoráveis, mas representa o futuro do povo. Moana quer dar a ela o oceano inteiro, e isso é algo realmente poderoso”.

Dana Ledoux Miller, diretora e roteirista, enfatizou a evolução contínua de Moana como líder: “Pensando na evolução contínua de Moana e no seu retorno ao mundo dela, queríamos muito mostrá-la como uma líder. Falamos bastante sobre liderança no primeiro filme, e ela faz esse compromisso com seu povo de trazê-los de volta ao oceano e realmente se estabelecer nessa nova vida. Por isso, era importante para nós mostrar isso dando a ela uma tripulação”.
Ela também comentou sobre os desafios criativos e emocionais enfrentados pela personagem: “Foi um desafio criativo muito divertido. Em animação, sempre é mais complicado quando você tem mais personagens, especialmente em cenas na água. Foi um desafio empolgante, porque colocar Moana em uma canoa com a tripulação significava que ela teria que tomar decisões com consequências reais em tempo real. Neste filme, colocamos Moana diante de um obstáculo muito maior que Te Kā. Ela precisa enfrentar uma tempestade monstruosa, onde os riscos são altíssimos e as vidas de sua tripulação literalmente estão em jogo”.
Por sua vez, Jared Bush, produtor executivo e roteirista, seguiu detalhando os outros membros da tripulação: “E falando sobre sua tripulação, nesta história, que continua a jornada de autodescoberta e identidade de Moana, queríamos cercá-la de personagens com opiniões sobre identidade. Isso foi uma peça importante. Temos Kele, o sujeito mais velho e rabugento que não quer mudar e nunca vai mudar. Temos Loto, que é um pouco mais jovem que Moana e muda a cada segundo, dizendo: ‘Nada é constante.’ E temos Moni, que é meio que o coração da equipe, mas não sabe quem ele é e nem pensa nisso. Ele gosta da identidade dos outros. Gosta de contar as histórias das outras pessoas”.
Um pé no passado e outro no presente
O processo criativo da música em Moana 2 foi uma jornada de equilíbrio entre honrar o passado e explorar novos caminhos, como explicou Emily Bear, compositora da música do filme: “Acho que era importante para nós mantermos um pé no passado e outro no presente, prestando homenagem ao mundo de Moana que conhecemos e amamos, enquanto permitimos que as vozes dos personagens crescessem. Se você pensar em si mesmo entre os 16 e os 19 anos, é uma grande mudança, e você é uma pessoa muito diferente”.

Emily destacou a evolução dos personagens e como isso influenciou a música: “Queríamos que a voz de Moana evoluísse, que a voz de Maui evoluísse, e também, à medida que ela navega por novas águas e entra em territórios desconhecidos, queríamos que a trilha sonora se expandisse. Quando encontramos novos personagens, queríamos que o som fosse diferente”.
O processo de composição das músicas de Moana 2 foi descrito como único e colaborativo pelas compositoras Abigail Barlow e Emily Bear. Abigail explicou: “É diferente a cada vez, para cada música”. Emily complementou, detalhando como a dinâmica entre elas funciona: “Uma coisa meio que informa a outra. Em alguns duos, é como se a música fosse criada em uma sala, as letras em outra, e tudo se juntasse para formar um todo. Mas, para nós, deixamos tudo se construir por conta própria. Acho que soa coeso dessa forma”. E ela mesma acrescentou: “É como um grande quebra-cabeça que montamos, sabe?”.
O diretor Jason Hand elogiou o trabalho das compositoras, destacando o impacto emocional das músicas no filme: “A primeira música que ouvimos foi We’re Back, e, para todos nós, quando a ouvimos pela primeira vez, foi como um marco, algo que dizia: ‘Estamos de volta ao mundo de Moana.’ Foi nesse momento que realmente sentimos que estávamos retornando a esse mundo incrível”. Ele destacou também as faixas Beyond e Get Lost como exemplos marcantes: “Beyond é um hino incrível para Moana cantar e realmente fala sobre quem ela é nesse ponto da vida, onde ela está em uma fase diferente e tem essa irmãzinha incrível que muda quem ela é como pessoa e como vê o mundo. Get Lost diz respeito a Matangi, que mostra a Moana uma perspectiva diferente, e acho que o mais incrível sobre isso é que, musicalmente, é algo muito diferente de tudo que estamos acostumados a ouvir, porque é uma perspectiva completamente nova que Matangi traz para ela. É incrível. A composição neste filme é absolutamente deslumbrante”.
Heroína única
A diretora Dana Ledoux Miller descreveu o que torna Moana uma heroína única e como sua jornada reflete questões contemporâneas, como a solidão: “Moana é incrível em todos os sentidos. Ela é aventureira, corajosa e ama o seu povo. Para mim, o que a torna tão especial, especialmente no cânone da Disney, são algumas coisas”.

Dana destacou a empatia como uma de suas qualidades mais marcantes: “Primeiro, sua empatia. Tudo o que ela faz é realmente pelas pessoas que mais ama. Cada uma das jornadas que ela fez nestes filmes foi motivada pelo desejo de criar um mundo melhor para os que ela ama, e isso é algo muito inspirador e admirável”.
Ao final, ela também apontou como Moana representa o melhor que as pessoas podem ser: “Ela é alguém que todos nós queremos ser. Acho que isso é um grande testemunho do caráter dela, porque não são apenas as meninas que a admiram por ser uma princesa Disney. Há tantas pessoas de todo o mundo que querem ser como ela”.
