Crítica | Filme | Lobisomem

Crítica | Filme | Lobisomem

Se você me acompanha no CriCríticos há algum tempo, já sabe do meu pé atrás com refações. Claro, nem todas são meras produções caça-níqueis explorando mais do mesmo. Temos algumas honrosas exceções aqui e ali. Lobisomen (Wolf Man), filme que a Universal Pictures lança no circuito nacional em 16/1/25, talvez seja uma delas.

Para começar, o filme traz a chancela da Blumhouse, produtora independente que tem se especializado em fazer um cinema de terror com qualidade sem inflacionar os budgets e abusando da criatividade. Depois, traz na direção e no roteiro Leigh Whannell, o mesmo que comandou O Homem Invisível (2020). Curiosamente, O Homem Invisível e Lobisomem foram refeitos a partir de longas-metragens americanos datados da década de 1930.

Ou seja, não espere nenhuma novidade no mito do Lobisomem. E até aí tudo bem, porque o que vale nem sempre é conhecer o caminho, mas a jornada em si. E Lobisomem explora razoavelmente bem a jornada. Não é um primor e dificilmente será apontado como a “melhor versão de Lobisomem de todos os tempos”. A não ser que o espectador tenha se esquecido de Um Lobisomem Americano em Londres (1991), para mim, ainda o melhor representante na categoria Bala de Prata.

Se você voltar no tempo, vai lembrar que Um Lobisomem Americano em Londres “revolucionou” o mercado de efeitos especiais ao registrar praticamente passo-a-passo a transformação do humano em lobisomem, cortesia de um certo Rick Baker. Na verdade, os efeitos criados por ele são totalmente práticos e lhe renderam um Oscar por isso.

Ou seja, chega de lobisomem digital no naipe de Van Helsing (2004) ou mesmo humanos com pernas de pau e animatronics. Respeitando o DNA da Blumhouse e do próprio diretor, o mais recente Lobisomem permanece humanoide o tempo todo, com raríssimos momentos usando próteses de látex. Isso faz toda a diferença para recontar a já manjada maldição do humano que é mordido por uma desconhecida criatura e que se transformará em uma criatura metade homem, metade lobo.

Obviamente, se todos os elementos da história fossem os mesmos eu encerraria a crítica por aqui e recomendaria o leitor gastar o dinheiro do ingresso com outro filme. Whannell, contudo, monta a história de maneira envolvente o suficiente para garantir o mínimo de atenção. Porque, convenhamos, desde o começo a gente sabe que tem lobisomem no filme e a gente sabe quem vai virar lobisomem. Resta saber quando e como esse personagem vai virar lobisomem e quem vai virar refeição de lobisomem. O de sempre…

No começo, vemos que a família Lovell tem ocupado uma fazenda em remottas montanhas do Oregon há algum tempo, convivendo com o mito local de um tipo de doença ou maldição chamada Cara de Lobo. Trinta anos se passam até que Blake Lovell retorne para a região acompanhado de sua esposa (Julia Garner, de Ozark, um tanto subaproveitada) e de sua filha (Matilda Firth).

Não demora muito para que Blake reencontre seu passado cara a cara, testemunhando na própria pele (literalmente!) a Cara de Lobo. O que conta aqui é como essa situação vai se desenrolar, afinal de contas, a situação de terror é desenhada praticamente toda nos primeiros quinze minutos de filme.

De maneira descomplicada, com efeitos eficientes como jogo de sombras e – claro! – ruídos estourados, Leigh Whannell consegue uns tímidos jump scares e garantir a atenção do público. Ao final, Lobisomem é um entretenimento eficiente, que pode render tanto no cinema como no streaming.

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