Bridget Jones está de volta. E com ela, interpretada, é claro, por Renée Zellweger, as confusões, os velhos amigos e antigos amores, assim como algumas novidades. Nem todas desejadas, vale o aviso.
Mas, antes, um pouco de história. O filme anterior da série baseada nos livros de Helen Fielding nos deixou com Bridget dando à luz ao filho William e se casando com o amor de sua vida, o advogado Mark Darcy. Como todos os fãs da série sabem, a escritora criou o personagem inspirada pelo Sr. Darcy da adaptação de Orgulho e Preconceito da BBC de 1995 com Colin Firth. Assim, fez todo o sentido ter Colin Firth como Mark Darcy anos depois conquistando e sendo conquistado por Bridget, a fada madrinha das solteiras que não se enquadram nos padrões de beleza, epítome da falta de noção, da preocupação com a forma física e da vida bagunçada. Tudo isso terminando num final feliz.
O novo filme encontra Bridget numa nova fase – está no trailer, então, não é spoiler – quatro anos após a morte de Mark numa missão humanitária no Sudão. É o início do fim do período de luto, quando pais e amigos já estão exigindo que ela volte à vida, em outras palavras, arranje um emprego e um namorado, não necessariamente nessa ordem. William é agora um menino de dez anos muito parecido com o pai, enquanto Mabel, a filha de seis anos do casal é mais próxima do temperamento da mãe, constrangendo cada homem que aparece com a pergunta “você vai ser meu pai?”. A vida é um tanto caótica, com a casa em eterna bagunça e Bridget desfilando seu pijama vermelho até a porta da escola. É onde surge um dos candidatos ao lugar quase vago – Mark Darcy ainda aparece pela casa para nos causar lágrimas – no coração de Bridget, o diretor Sr. Wallaker, vivido por Chiwetel Ejiofor. A outra opção é Roxster, um guarda-florestal de 29 anos interpretado por Leo Woodall. Fica claro desde o início quem vai ganhar a corrida pelo final do filme.
Infelizmente, a química entre Zellweger e Ejiofor não funciona. Já Woodall faz o que está ali para fazer, ser o garoto musculoso numa referência à cena do lago de Orgulho e Preconceito, ter charme e doçura. É divertido vê-lo ao lado de Bridget e como alvo dos olhares e comentários da mulherada na tela e na sala de cinema. Sim, mesmo na sessão de imprensa do filme.
É, enfim, um filme cheio de bons sentimentos, daqueles que encontramos zapeando numa noite em busca de algo reconfortante para assistir e nos acomodamos com todas as calorias que juramos não consumir. Vinte e cinco anos após o primeiro filme, Bridget é uma velha amiga, mesmo com Zellweger cada vez mais cheia de caretas. Nós a reencontramos de cara na lama e tirando a velha calçola do armário, cheia de dúvidas sobre si mesma e um tanto perdida sobre como veio parar aqui – quem de nós não se sente assim pelo menos duas vezes ao dia? O mesmo vale para Daniel, o canalha vivido por Hugh Grant, que agora é um tio bacana grisalho cheio de histórias, comentários impróprios, e dono de alguns dos melhores momentos do filme ao lado da ginecologista vivida por Emma Thompson. Grant ganha até um momento em que Daniel reconhece a passagem do tempo, um toque de melancolia antes da volta ao normal. O dele, não o normal.
Há risadas, sorrisos, a felicidade de ter os mesmos amigos por décadas a fio. Luto, perda e tristeza se mesclam com a vontade de também sair pulando pela casa ao som de David Bowie. Não deixa de ser ficção, mas reúne a mesma bagunça que a vida parece ser a maior parte do tempo. Bridget Jones: Louca Pelo Garoto estreia em 13/2 distribuído pela Univeral Pictures.

2 comentários sobre “Crítica | Filme | Bridget Jones: Louca Pelo Garoto”