Muitas críticas duras sobre a nova produção da Marvel Studios, Capitão América: Admirável Mundo Novo, surgem a partir de um quesito básico para a sobrevivência de um super-herói da Marvel: ele precisa ter algum tipo de poder para manter sua carreira de defensor dos fracos e oprimidos.
Sam Wilson, encarnado por Anthony Mackie desde Capitão América: Soldado Invernal (2014), nunca teve poderes ou bebeu ou comeu alguma comida dos deuses. Desde sua primeira aparição já se sabia que ele era um “piloto” da Força Aérea dos EUA, habilidoso em usar um cinturão foguete com asas retráteis. Nos quadrinhos, quem criou as asas especiais para o Falcão foi o Pantera Negra.
O Falcão foi criado por Stan Lee e Gene Colan em 1969, para a revista Captain America 117, virando um irmão de armas do próprio Steve Rogers. Sam Wilson, o Falcão, foi o segundo herói afrodescendente, após o Pantera Negra, de 1966. Ele não tem poderes como outros heróis da Marvel, mas é um cara muito habilidoso com as asas e sabe lutar tão bruto como Bruce Lee. Aliás, para não dizer que não tem um poder importante, ele usa telepatia para se comunicar com sua mascote, Asa Vermelha. No cinema, no lugar de uma ave de rapina, Asa Vermelha foi transformado um drone com inteligência artificial.
Dizer que o problema do filme do Capitão América: Admirável Mundo Novo é o fato de que Sam não é forte porque não tomou o super soro que injetaram em Steve Rogers, é esquecer que filmes de super-heróis, não importa a editora, são adaptações da história original. É como assistir a um filme de Bruce Lee e não acreditar que ele consegue derrotar dezenas de oponentes com suas habilidades marciais. Esqueceram de Kill Bill?
Sam Wilson, o novo Capitão América
Não estou defendendo o filme, que não trouxe nenhuma novidade para o Universo Cinemático da Marvel para o público em geral, na minha modesta opinião. Fãs se apegam a detalhes específicos quando a história mostra que o conjunto de detalhes é mais relevante.
Um dos momentos mais tocantes de Os Vingadores – Ultimato é Steve Rogers (Chris Evans) entregando o lendário escudo para Sam Wilson, para que ele seja o novo Capitão América. O mesmo ato que aconteceu nos quadrinhos na reformulação que criou a Nova Marvel (Marvel Now!), em 2012. Entre as novas histórias estava Sam Wilson assumindo o escudo e o uniforme do Capitão América, após a descoberta que o soro do super soltado perdeu seus efeitos em Steve Rogers. Ele desiste de continuar como Capitão América passando o escudo para Sam.
Capitão América: Admirável Mundo Novo deveria servir de base para construir um novo universo de histórias com os admiráveis personagens da Marvel, unir universos que estavam em outros estúdios como os X-Men e o Quarteto Fantástico. Mas sua produção caótica e a luta nos bastidores para deixar o filme o menos lacrador possível (sim, ainda isso), acabou mostrando que existe um caminho muito longo para seguir.
A história é interessante, não importando quando vezes mexeram no roteiro. Ela mostra a busca pelo responsável pelos ataques ao presidente americano (Harrison Ford), que está tentando fechar um acordo multinacional para explorar as ilhas reveladas no filme dos Eternos (2021), rica em adamantium. Sim, o raro e poderoso metal que revestiu o esqueleto e as garras de Wolverine.
Tem cenas de ação muito boas, como a que abre o filme ou a batalha aérea perto das ilhas dos Eternos, que são de tirar o fôlego. Bem como as cenas de luta têm coreografias que deixariam Bruce Lee impressionado. Acima de tudo, o filme diverte porque é um filme de super-herói da Marvel que, felizmente, não tem tanta piada solta como muita gente esperava.
A crítica se dividiu sobre recomendar ou não o filme, o mesmo acontece por parte dos sites especializados em cultura pop. Com um orçamento de US$ 180 milhões, os produtores (leia-se a Disney) esperam que o filme fature no mínimo algo em torno de US$ 300 milhões na bilheteria mundial.
No final das polêmicas, Capitão América: Admirável Mundo Novo é um filme que não vai agradar ao fã mais centrado, ao fã mais radical e ao fã lacrador, que esperava personagens mais inclusivos. Personagens que ficarão cada vez mais distantes dos estúdios da Disney depois das recentes decisões do CEO, Bob Iger, de que está na hora da empresa voltar a ter lucro.
Enquanto isso, o Capitão América lança o seu escudo…
