Eu juro que torço muito pelo gênero animação, principalmente, para que novas produções rompam com estilos e padrões meio que pré-determinados pelos estúdios que lideram essa fatia do mercado. De vez em quando surge uma Illumination ou uma Blue Sky, oferecendo desde traços até textos novos,
Kayara – A Princesa Inca (Kayara) poderia ser uma animação que furaria essa bolha, já que, para começar, explora uma história bem regionalizada. Mas acredito que, justamente por isso, algum produtor, em algum momento, optou “internacionalizar” o roteiro, pensando no mercado global.
O longa-metragem que a Paris Filmes lança em 20/2 nos apresenta os Chasquis, mensageiros incas que tinham o privilégio de servir o imperador. Kayara é filha de um Chasqui famoso e quer seguir os passos do pai. Mas as leis de então (vejam só!), determinam que somente os homens podem ocupar a posição.
Só que surge uma competição para definir quem será o novo mensageiro e ela decidi participar disfarçada. Esse, contudo, não será o principal desafio para Kayara, uma vez que o conselheiro do imperador tem planos para um golpe de estado, apoiado por conquistadores estrangeiros.
É inevitável, mesmo frente a tanta originalidade, não lembrar de Mulan, por exemplo, no momento em que Kayara se disfarça como homem. A ideia dos produtores, a Cinema Management Group e Tunche Films, é contar uma história antiga e adaptá-la para os dias de hoje. Beleza. Mas na América ocupada pelos incas, seria pouco provável que uma mulher pudesse sequer jogar futebol com as cabeças dos adversários. Mas tudo bem, liberdade poética que funciona.
O que não é novidade alguma é o porquinho da Índia fofinho, que se comunica com grunhidos também fofinhos e ocupa o assento de principal coadjuvante. E uma coisa eu aprendi ao longo de tanto tempo dedicado aos filmes: é o público infantil quem dirá se Kayara – A Princesa Inca será bem-sucedido ou não.
No mais, valeu a tentativa.
