O saldo final da cerimônia de entrega do 97º Oscar pode ser visto por vários ângulos. Alguém pode dizer que foi a noite de Anora, que concorreu em seis categorias e levou cinco estatuetas, dentre elas Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Atriz.
Tem gente que vai destacar o segundo Oscar de Adrien Brody, agora por O Brutalista, que fez um discurso emocionante, estourando seu tempo e mandando abaixarem o volume da música que usualmente se sobrepõe às falas. Totalmente marcante.
Contudo, para os brasileiros (é claro!), o grande destaque da noite foi o inédito Oscar de Melhor Filme Internacional para Ainda Estou Aqui, recebido no palco do Dolby Theatre pelo diretor Walter Salles. O que justica a imagem que ilustra esse texto.
Em um Brasil polarizado há anos, a torcida para o filme também estava dividida. E assim como a visão por vários ângulos que citei no começo do texto, sempre tem aqueles que estampam em seus veículos de imprensa (ou não) o tendencionismo declarando que “Fernanda Torres perdeu o Oscar para Mikey Madison“. Como se a categoria melhor atriz fosse uma disputa mano a mano, pessoal, somente entre elas.
E propositalmente não mencionam o grande feito da noite, que foi justamente de o filme vencer uma das três categorias em que concorria. Algo sem precedente.
Eu opto por enxergar a metade do copo cheia, sempre. Já havia postado minha opinião sobre o filme faz um tempo, afirmando que Ainda Estou Aqui não é tecnicamente primoroso. Aliás, ouvi mais algumas pessoas concordando com isso posteriormente. É bom termos e expressarmos opiniões diferentes, sem estresse para ninguém.
Mas se trata de uma história totalmente necessária. O âmago do cinema é a contação de boas histórias, de histórias universais, tocantes, relevantes e que mexam com as pessoas de alguma maneira. Emocionando, levando à reflexão, expondo uma realidade desconhecida… Enfim, esse é o ponto forte de Ainda Estou Aqui, muito apoiado na interpretação de Fernanda Torres (sem desmerecer Selton Mello e demais elenco).
Tem sempre um que vai dizer que o filme não representa o país ou que foi feito com verba pública ou que tem a máquina da Globo fazendo lobby nos bastidores. Como se a indústria do cinema nos EUA não vivesse de lobby ou não cometesse injustiças nas premiações ou transformasse uma das estatuetas em ferramenta política!
Aos críticos passionais que torceram politicamente contra a campanha de Ainda Estou Aqui, só resta dizer “façam melhor”. Contem a história de uma terra plana onde não houve pandemia e nem tentativa de golpe ou algo que o valha. Aos demais, parabéns por testemunharem a história sendo feita.
Veja a seguir quem faturou uma estatueta na cerimônia de entrega do 97º Oscar.
Melhor Filme
- Anora
Melhor Diretor
- Sean Baker, Anora
Melhor Ator
- Adrien Brody, O Brutalista
Melhor Atriz
- Mikey Madison, Anora
Melhor Ator Coadjuvante
- Kieran Culkin, A Real Pain
Melhor Atriz Coadjuvante
- Zoe Saldaña, Emilia Pérez
Melhor Roteiro Original
- Sean Baker, Anora
Melhor Roteiro Adaptado
- Peter Straughan, Conclave
Melhor Filme Internacional
- Ainda Estou Aqui (Brasil)
Melhor Filme de Animação
- Flow
Melhor Curta-Metragem de Animação
- In the Shadow of the Cypress
Melhor Documentário em Longa-Metragem
- No Other Land
Melhor Documentário em Curta-Metragem
- The Only Girl in the Orchestra
Melhor Curta-Metragem em Live Action
- I’m Not a Robot
Melhor Fotografia
- Lol Crawley, O Brutalista
Melhor Montagem
- Sean Baker, Anora
Melhor Design de Produção
- Nathan Crowley e Lee Sandales, Wicked
Melhor Figurino
- Paul Tazewell, Wicked
Melhor Maquiagem e Penteado
- Pierre-Olivier Persin, Stéphanie Guillon e Marilyne Scarselli, A Substância
Melhor Trilha Sonora Original
- Daniel Blumberg, O Brutalista
Melhor Canção Original
- “El Mal”, de Emilia Pérez
Melhores Efeitos Visuais
- Duna: Parte Dois
Melhor Som
- Duna: Parte Dois

3 comentários sobre “Oscar 2025: Ainda Estou Aqui fez história”