Se você deixar se influenciar pelo título em português Máquina do Tempo (Lola), filme que chega aos cinemas brasileiros em 13/3, distribuído pela Pandora, vai sair de casa esperando por morlocks e elois. Mas se ficar atento ao título original, vai deixar de lado a obra de H.G. Wells um pouco de lado. Somente um pouco.
A tal Lola do título é o nome da máquina do tempo criada pelas irmãs Thomasina (Emma Appleton) e Martha (Stefanie Martini). A invenção permite que elas interceptem transmissões de rádio e televisão do futuro. Inicialmente, elas utilizam a máquina para explorar avanços culturais e acompanhar a evolução da música e da arte antes do seu tempo.
No entanto, conforme percebem o potencial estratégico da tecnologia, as irmãs decidem usá-la para influenciar os eventos da Segunda Guerra Mundial, o que desencadeia consequências inesperadas.
Máquina do Tempo é muito interessante e explora um tema tremendamente abordado por cinema e televisão com tons de ineditismos. Por exemplo, a produção aposta em uma estética inovadora, utilizando câmeras e lentes autênticas da década de 1930, além de um tanque de revelação de 16mm da era soviética. O estilo found-footage adotado consegue situar o espectador na Inglaterra do passado, simulando gravações feitas pelos próprios personagens.
Ao explorar os avanços culturais do futuro, as irmãs acessam talentos musicais como David Bowie e The Kinks, por exemplo, e suas canções são incorporadas à trilha musical do filme, outro dos seus pontos que funcionam bem.
Claro que não há como não lembrar de um ou outro filme que já falou sobre o tema, mas Máquina do Tempo não desloca ninguém em um DeLorean voador ou apresenta exterminadores que prometem acabar com a humanidade. Sim, a humanidade está ameaçada no filme por conta da própria humanidade. Como sempre esteve!
É possível dizer que Máquina do Tempo é uma ficção científica séria, bem ao estilo inglês, que revisita a história de olho no presente e vislumbrando o futuro. De quebra, ainda questiona a dependência da inovação tecnológica (alguém disse IA por aí?), ética e as sempre imprevisíveis repercussões de alterar o rumo da história.
