No momento em que a voz de Gal Costa aparece em “A Morte”, música de Gilberto Gil, o corpo dá sinais: arrepios, suspiro e pronto. Gal Costa (Compacto de 1972) surgiu nas plataformas digitais da cantora sem avisos ou declarações. É um registro que vem direto de 1972 e reúne 3 faixas gravadas pela artista no auge da carreira.
A qualidade do material, que parece ter resistido incrivelmente ao teste do tempo, nos aproxima de Gal. Sua voz dá vida a peças compostas por gênios que sempre a acompanharam, como Gil, Dorival Caymmi e Luiz Melodia. Cada um deles em uma música. É quase surreal. É inexplicável da mesma forma que tentar explicar a doçura do mel; inexiste razão. É Gal.
Samba a Tropicália
Não há dúvidas de que as três faixas se destacam enormemente. Mas o samba “O Dengo Que A Nega Tem”, de Dorival Caymmi, com seus sete minutos agitados de duração e Gal aplicando suas diferentes entonações, é inimaginável. Lá pelo final, dá para reaver o gosto da Tropicália. É impossível não sentir uma sensação de alívio por apenas presenciar, viver, essa música. Emocionante.
