Crítica | Música | MAIOR QUE O TEMPO

Crítica | Música | MAIOR QUE O TEMPO

Ano passado, quando Matuê lançou 333, muito se falou sobre como o rapper havia abraçado completamente aspectos mais acessíveis e abrangentes do trap, como se estivesse se voltando cada vez mais para o pop. Há um diálogo que sempre existiu nessa questão musical metagenérica entre ele e seus conhecidos da cena: uma convergência de gêneros e estilos que dançam em suas mãos.

Mas são os acertos que tornam esses momentos mais “pop” interessantes. É o caso do novo álbum de Teto, MAIOR QUE O TEMPO, um dos melhores do hip hop nacional de 2025 até agora, não só porque adota uma estética mais ampla e vai além das batidas do trap. Ele, na verdade, direciona seu flow para momentos mais próximos do pop, como em “PRETTY LET GIRL”, cheia de versos percussivos.

O pop-R&B de MAIOR QUE O TEMPO

Ou, a combustão de elementos soul em “GRECIA”, cuja construção de refrão e ritmo é uma lição não só para o espaço em que o rapper baiano está inserido, mas para o restante do que é considerado esse “novo pop nacional”. Jão, por exemplo, jamais conseguiria produzir algo assim. E isso diz muito.

Aqui, há trap em todas as faixas, mas diluído ou misturado a elementos distintos ou mais específicos, como o R&B em “PREVENDO A JOGADA”. Outro destaque nessa seara é “YES OR NO” com suas batidas pop-R&B que se aproximam do que Tommy Richman provavelmente faria se fosse mais brincalhão como quando lançou “MILLION DOLLAR BABY”. MAIOR QUE O TEMPO brinca com essas influências com extrema naturalidade — e é exatamente isso que o torna tão bom.

4/5

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