Crítica | Filme | Nas Terras Perdidas

Crítica | Filme | Nas Terras Perdidas

Milla Jovovich encontrou um lugar para chamar de seu na série Resident Evil e desde então parece que não tem vontade de sair dele. Nas Terras Perdidas é mais uma prova disso com a atriz no papel de Gray Alys, uma mulher dona de poderes sobrenaturais num enredo que mistura fantasia, western, road movie e distopia pós-apocalítica. Sem esquecer uma pitadinha de Os Três Mosqueteiros

Baseado num conto de George R. R. Martin, Nas Terras Perdidas começa com Boyce, personagem de Dave Bautista (Guardiões da Galáxia), falando diretamente com a câmera e prometendo uma história de “magia e bruxas, missões e monstros, bem e mal”. De fato, há tudo isso no longa, mas com bem menos grandiosidade do que o discurso promete. E menor profundidade ainda para quem viu a complexidade do universo que Martin foi capaz de criar em Game of Thrones.

O cenário é uma terra devastada onde os humanos que restaram vivem num pequeno enclave governado por um rei doente, uma rainha ambiciosa (Amara Okereke) e um culto armado até os dentes. É nesse ambiente que encontramos Gray Alys a ponto de ser enforcada por bruxaria, condenação da qual ela escapa, obviamente, só para ser procurada pela rainha que deseja o “poder de se transformar numa fera” como algumas criaturas que vivem além dos limites da cidade. Logo em seguida, Jerais (Simon Loof) procura Alys e pede que ela falhe na busca pela criatura. Obrigada a atender a todos que a procuram, Alys recebe, assim, duas missões antagônicas.

É para cumprir as tarefas que Alys busca Boyce, um solitário caçador que diz conhecer onde se esconde uma das criaturas capazes de mudar de forma. A dupla, então, parte a cavalo enquanto é perseguida por Ash (Arly Jover) a bordo de um trem – não peça lógica, só siga em frente – carregado de soldados do culto que estão ali só para atacarem sem plano ou estratégia e morrerem às dezenas. Claro que a viagem é uma forma de Alys e Boyce se aproximarem. É também o espaço para usar muita cena inspirada em videogame, toques de cyberpunk e muito efeito visual, com direito a quedas em câmera lenta, ataques de criaturas esqueléticas e tudo o que já é conhecido desse tipo de produção.

Enquanto isso, na cidade, uma revolução começa a se formar contra o culto cujo visual é tão obviamente criado para achincalhar o cristianismo – com direito à cruz, rainha calcada na Virgem Maria e os soldados vestidos como versões zumbis dos templários – e o rei. Mas, como em todo o resto, aqui também não há muita oferta de profundidade ou complexidade. E se Jovovich não varia muito do que já a vimos fazer, o mesmo pode-se dizer de Bautista, que encara bem seu cavaleiro solitário com visual inspirado nos westerns de Sergio Leone, mas amealha apenas mais um cara fortão ao seu currículo. E esse nem sabe consertar a própria arma. Estreia em 17/4 distribuído pela Diamond.

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