Ensaio Poético | Árvore da vida

Ensaio Poético | Árvore da vida

Certa vez, li uma mensagem que fazia a comparação entre árvores e o decorrer de nossas vidas.

Esta metáfora linda e verdadeira encontra-se na passagem do Novo Testamento, na Parábola da Figueira Seca. Que fala sobre a vida do homem que aparenta o bem e que nada produz de bom.

Também acontece na história do Meu Pé de Laranja Lima, entre tantos outros contos, que de maneira figurada fala da árvore com suas raízes, tronco, galhos, frutos e folhas. Caminhos de nossas vidas.

Assim, todos nós temos a nossa árvore da vida. Algumas frondosas, outras menos. Muitas, minguadas.

Falar da árvore da minha vida não é tão difícil. Ela foi plantada por mãos amadas e fortes, mas delicadas no tratar.

Mãos ágeis, falantes, responsáveis e enérgicas ao ensinar e mostrar o caminho do homem de bem. Do mesmo modo, como lágrimas, estigmas de nossos erros.

As raízes fincaram-se na macia e fértil terra da vida durante a infância e juventude. Mais tarde, estas mesmas raízes procuraram a terra dura e improdutiva. Caminhos difíceis de serem transpostos. Porém, a escolha foi apenas nossa, livre arbítrio.

A vida passando, a árvore crescendo…

Primeiro as flores. Depois os frutos de nossa própria seiva. As mãos que plantaram, regaram e guiaram os galhos, apartando e cortando os daninhos, repelindo pragas que ameaçavam atacar nossas raízes, se afastaram…

Doces lembranças de nossos pais.

Mas no decorrer do continuar a vida, outras mãos a nos guiar. Tornaram-se imprescindíveis para que os nossos galhos, muitas vezes enfraquecidos, não curvassem ao peso do vento-desalento, da chuva-desesperança, deixando-se quebrar. Impedindo-nos de viver mais uma primavera.

Estas novas mãos são as mesmas que protegem nossas raízes, fortificam nossos frutos e limpam nossas folhas para oxigênio respirarem.

São mãos que formam, moldam novos galhos e derramam sobre nossas folhas o néctar do amor e amizade.

São as mãos de nossos entes queridos, esposas e esposos, filhas, filhos e netos… Amparadas pelas mãos de nossos verdadeiros amigos.

A minha árvore continua respirando oxigênio, retirando o carbono do ar na fotossíntese da vida. Vencendo terras secas e tentando alcançar a terra úmida e tenra de nome… Esperança.

Na minha árvore ainda abrolham alguns frutos. E com o passar do tempo… Aprendizado de humildade e caridade. A copa, hoje pouco frondosa, arrisca acolher, na pouca sombra do saber, o viajante cansado de tanto sofrer.

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