A morte do papa Francisco vai dar fôlego novo a Conclave, produção que concorreu a oito Oscars e saiu com uma vitória, o troféu de Melhor Roteiro Adaptado pelo trabalho de adaptar o livro de Robert Harris. Mas o assunto está longe de ser novidade no audiovisual, incluindo longas e séries que retratam tanto a eleição como o peso do líder da Igreja Católica na geopolítica mundial.

Entre os clássicos sobre o assunto estão Agonia e Êxtase (1965), que retrata o conflito entre o papa Júlio II (Rex Harrison) e Michelangelo (Charlton Heston) durante o trabalho de pintura da magistral Capela Sistina. Com mais foco na importância política do papa, As Sandálias do Pescador (1968) antecipa a eleição do polonês Karol Wojtyla como papa João Paulo II em 1978. No longa baseado no livro de Morris West, o cardeal ucraniano Kiril Lakota (Anthony Quinn), arcebispo de Lviv é libertado após 20 anos de trabalhos forçados numa prisão soviética e eleito papa em meio à uma crise com a China que pode levar o mundo à terceira guerra mundial.

Mais centrado na personalidade do eleito, The Young Pope (2016) oferece a novidade de um papa jovem e, além disso, americano. Criada e dirigida por Paolo Sorrentino, que também é co-roteirista, a minissérie acompanha Lenny Belardo (Jude Law), eleito papa aos 47 anos. Os cardeais esperam que ele seja uma figura manipulável, um “poste” na gíria política brasileira. Após eleito Pio XIII, no entanto, Belardo revela-se algo bem diferente, como indica desde o início sua decisão de usar a tiara papal, a luxuosa joia que simboliza o poder religioso e temporal do papa e que foi deixada de lado a partir de João Paulo I. Jude Law ganhou elogios por sua performance e a série uma segunda temporada com The New Pope (2020), quando uma doença leva à eleição de Francisco II (Marcello Romolo), um papa que inicia reformas radicais, incluindo abrir os arquivos do Vaticano e permitir que refugiados sejam abrigados na cidade estado.

Além destes, aqui vão cinco produções essenciais sobre o assunto:

Conclave (2024)

A produção mais recente sobre o papado retrata o complexo processo que inicia com a declaração da morte do papa. Com elenco de peso liderado por Ralph Fiennes, o longa inclui a política entre os cardeais, a posição da mulher na igreja e os escândalos que atingem o Vaticano.

Dois Papas (2019)

Jonathan Pryce e Anthony Hopkins interpretam Francisco e Bento XVI no longa dirigido por Fernando Meirelles que retrata uma longa conversa entre os dois papas, o que renunciou e o que ocupa o posto. O resultado é um trabalho de peso dos dois atores, mas trata-se de uma ficção com roteiro de Anthony McCarten (A Hora Mais Escura) criticada por estabelece um “papa bonzinho” e um “papa mau”.

Anjos e Demônios (2009)

Enquanto o mundo observa a formação do conclave para a escolha do novo papa, quatro dos cardeais considerados favoritos são sequestrados e o responsável ameaça matar os reféns e destruir o Vaticano. Começa, então, a corrida para Robert Langdon, o especialista em símbolos criado por Dan Brown, decifrar as pistas e evitar o desastre.

Temos Papa (2011)

A sala onde o cardeal eleito veste a batina branca antes de se apresentar ao mundo como novo papa tem um nome: Sala das Lágrimas. Para muitos, o eleito chora de emoção. Para outros, de puro horror pela vida que levará dali em diante. O longa dirigido por Nanni Moretti parte pela segunda via quando o novo papa entra em pânico, recusa-se a aparecer e o Vaticano busca a ajuda de um psiquiatra ateu.

O Sequestro do Papa (2023)

O caso real de Edgardo Mortara, um menino judeu que foi retirado de sua família por ter sido batizado, dando início a uma longa batalha entre a família e a igreja católica. O processo acontece durante a unificação italiana, o que transforma o drama dos pais de Edgardo em um caso público envolvendo a queda do poder secular do papa, a política e a questão religiosa.