Um dos gêneros que vem se destacando na produção televisiva é o true crime, em que se dramatiza um crime real. Um dos melhores exemplos é o livro Modus Operandi, das jornalistas Carol Moreira e Mabê Bonafé. Após desenvolverem um podcast sobre os grandes psicopatas do século 20, elas publicaram o livro mostrando cada um dos casos que, eventualmente, acabaram ganhando as telas, como Ted Bundy ou a série de TV Dahmer – Um Canibal Americano, lançada pela Netflix em 2022.
Vem da Suécia uma nova produção focada em um lamentável caso de duplo assassinato ocorrido na cidade de Linköping, a 200 quilômetros da capital Estocolmo. Em uma manhã, um homem não identificado matou um garoto de 8 anos e uma idosa que tentou salvar o menino do brutal ataque. O caso chocou a cidade pela violência em uma sociedade quase imaculada como a sueca.
Liderando as investigações está o detetive John Sundin, interpretado por um competente Peter Eggers (Operação Ragnarok, 2018). Ele faz o que quase todo policial de filme ou série faz: promete às pessoas que perderam seus entes queridos que encontrará o culpado. É uma promessa que John leva às últimas consequências por 16 anos, numa obsessão que o fez perder o casamento, e sua relação com o filho adolescente está por um fio.
Para piorar, ele recebe a notícia de que, após tudo o que fez, o caso pode ser arquivado. Num golpe de sorte, John lê um artigo sobre uma nova técnica forense de análise de DNA por genealogia — a mesma que ajudou a polícia da Califórnia a localizar o Assassino do Golden State, após 44 anos de crimes.
John procura o genealogista Per Skogkvist (Mattias Nordkvist), que há anos realiza pesquisas para localizar parentes por meio dessa técnica. É claro que, após tanto tempo, ninguém da chefia da polícia da cidade acredita que, em poucos dias, possam surgir pistas sobre um caso investigado há 16 anos.
Não é preciso revelar detalhes do desfecho, já que o caso é real e inspirou o livro de Anna Bodin e Peter Sjölund, base para a série. O importante é destacar que, mesmo sabendo que o criminoso será revelado, a estrutura dramática dos quatro episódios prende a atenção do começo ao fim. Essa é uma das qualidades da dramaturgia nórdica: criar um clima de tensão constante até um desfecho quase sempre impactante.
É uma narrativa que abusa das reviravoltas para tornar qualquer história mais envolvente. E esse é, com certeza, o caso de A Grande Descoberta.
